Há 20 anos… dia 3 de fevereiro de 1996.
Iluminado, obstinado, magnânimo, reconciliador, predestinado… A lista de adjetivos é infinita.
Como escrevi em post relembrando a sua histórica posse como presidente da África do Sul, jamais haverá ser humano como Nelson Rolihlahla Mandela.
E não bastasse tudo o que fez dentro da sua “área de atuação”, ou seja, a política, o hômi ainda era pé quente no esporte!
Em 1995, teve sabedoria e sagacidade de enxergar na seleção de rúgbi e na Copa do Mundo sediada no país uma grande oportunidade para unir a nação recém-saída do apartheid. Fez do capitão Pienaar um aliado e com ele ergueu a taça de campeão, no estádio Ellis Park, em Joanesburgo. Tudo revisitado no excelente “Invictus” (2009), com Matt Damon e Morgan Freeman nos papeis principais.
Pouco mais de seis meses depois, lá estava o sorridente Madiba levantando mais uma taça inédita, dessa vez de futebol. E de novo em solo sul-africano, de novo em Joanesburgo. Diante de mais de 80 mil torcedores presentes no Soccer City, Mandela fez a festa com a seleção liderada pelo capitão Neil Tovey.
Outro capítulo incrível desse país igualmente incrível e surpreendente.
Por causa do apartheid, a África do Sul ficou muito tempo alijada de competições esportivas internacionais. Com o fim do regime, a volta da democracia e a chegada de Mandela à presidência, as seleções nacionais retornaram à cena.
Depois de receber a Copa do Mundo de rúgbi, a organização da Copa Africana das Nações de futebol acabou caindo no colo do país. O Quênia, que seria o país-sede, desistiu, alegando problemas econômicos. Mandela abraçou a competição e iniciou estratégia para reestruturar a seleção local, os populares Bafana Bafana.
A geração era talentosa, mas precisava de unidade e bom comando. Clive Barker, conhecido ex-jogador e vitorioso técnico no futebol local, de perfil disciplinador e respeitado pelos jogadores, acabou escolhido. Deu certo.
A África do Sul superou um grupo dificílimo na primeira fase e se classificou em primeiro lugar, após vitória maiúscula diante de Camarões na estreia (3 a 0), triunfo apertado por 1 a 0 contra Angola e derrota para o então bicampeão Egito, também por 1 a 0.
Nas quartas de final, a Argélia, campeã da edição de 1990. Um duelo à flor da pele, cheio de catimba. Os Bafana Bafana abriram o placar, mas a Argélia igualou, a seis minutos do fim. Moshoeu, que havia perdido um pênalti no primeiro tempo, se redimiu e fez o gol da classificação para a semifinal.
Pela frente, uma adversária de camisa pesadíssima no continente: Gana, com só 4 taças de Copa Africana no bolso. Contra todos os prognósticos e empurrada pela massa, a África do Sul passou o carro: 3 a 0.
A confiança estava do tamanho da Table Mountain e os Bafana Bafana chegavam à grande final, contra a Tunísia, quem diria, como favoritos. Perante uma multidão “liderada” por Nelson Mandela, o time partiu pra cima, mas não conseguiu abrir o placar no primeiro tempo.
Na etapa final, dois minutos e um personagem foram necessários para liquidar a fatura. Mark Williams marcou duas vezes, aos 28 e aos 30, chegou aos 4 gols no torneio e levou a África do Sul ao inédito título da Copa Africana de Nações.
Festa Bafana Bafana, festa de Madiba, festa do povo sul-africano.
Dois anos depois, a seleção disputaria sua primeira Copa do Mundo, na França.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Os gols da final:
Fontes e +MAIS:
– goal.com
– fifa.com