Há 45 anos… dia 26 de outubro de 1970.
Em 20 de junho de 1967, Muhammad Ali foi “nocauteado” pelo governo americano. Pela recusa em servir o exército na Guerra do Vietnã, teve o cinturão dos pesos-pesados retirado e a licença para lutar suspensa, além de tomar punição de 5 anos de prisão e multa no valor de 10 mil dólares.
“Tenho orgulho do título mundial dos pesos pesados. O campeão deveria, em todos os momentos, ter a coragem de suas convicções e ir até o fim com essas convicções, não só no ringue, mas em todas as instâncias de sua vida. É à luz das minhas próprias convicções pessoais que eu tomo a posição em rejeitar a chamada a ser introduzido nas forças armadas. Eu o faço com plena consciência de suas implicações e possíveis consequências”, afirmou Ali, à época.
Após pagar a multa, ele permaneceu afastado do esporte até que o caso fosse julgado. Aos 25 anos, “The Greatest” estava aposentado do boxe! O ringue ficava vazio. Joe Frazier e Jimmy Ellis tentaram preencher o vácuo, mas, apesar de grandes boxeadores, não tinham o carisma e o magnetismo de Muhammad Ali.
Carisma que só cresceu com seu afastamento da nobre arte, pois, mesmo sem as luvas, Ali continuou lutando. Transformou-se em um ferrenho ativista e acabou ganhando milhares de simpatizantes, nos Estados Unidos e no mundo, principalmente por sua oposição frontal ao conflito no Vietnã. Também por causa disso, continuava proibido de lutar.
Em agosto de 1970, no entanto, tudo começou a mudar. Com o caso ainda na Justiça, a cidade de Atlanta, na Geórgia, concedeu licença para Ali voltar a lutar, em manobra com a mão do senador Leroy Johnson. Após longo inverno, ele poderia, enfim, retornar aos ringues, onde não pisava desde março de 1967.
Na noite de 26 de outubro de 1970, o Auditório Municipal de Atlanta estava tomado por mais de 5 mil pessoas. Na plateia, a elite do movimento pelos direitos civis marcava presença, além de nomes importantes do showbiz e da música negra americana. Jesse Jackson, Julian Bond, Ralph Abernathy, Coretta King, Arthur Ashe, Sidney Poitier, Bill Cosby, Andrew e Whitney Young, além dos Temptations e das Supremes, queriam ver Muhammad Ali de novo no ringue.
Coube ao destemido e brigador Jerry Quarry o papel de coadjuvante da noite. De ascendência irlandesa, o pugilista californiano não temia Ali. Já enfrentara Ellis e Frazier pelo cinturão dos pesados e, em ambos os combates, vendera caríssimo a derrota. Infelizmente, um corte no supercílio esquerdo, no final do terceiro round, o impediu de fazer o mesmo com Ali.
Verdade que Quarry pouco fez no combate, dada a surpreendente agilidade e técnica do ex-campeão. Nem parecia que ele tinha ficado 3 anos e meio sem lutar! Bailou por três assaltos, castigou o pobre irlandês com jabs potentes de canhota e cruzados pesados e saiu vencedor depois de aplicar o cruzado de direita que abriu buraco em cima do olho de Quarry.
Apesar de revolta inicial pela decisão do árbitro Tony Perez, Quarry se conformou com a derrota por nocaute técnico. E Ali já começou a desafiar Joe Frazier! Eles teriam o primeiro de três épicos combates em 1971, com vitória do então campeão.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
A luta:
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