17 de setembro de 1965
POR FÁBIO GUEDES *
Nada mais apropriado do que seu semblante aturdido, ornado por um enorme esparadrapo no queixo, enquanto mandava e desmandava no meio de campo do São Paulo na final da Libertadores de 1992, para refletir a raça e a disposição que marcaram a vitoriosa trajetória do volante Pintado pelo clube paulista.
O singelo curativo era fruto de um forte choque na mureta da pista de atletismo do Morumbi durante a vitória sobre o Newell’s Old Boys, que lhe rendeu oito pontos aplicados sem anestesia ainda no intervalo da partida em que o Tricolor se sagraria campeão pela primeira vez do torneio continental.
“Confesso que não senti dor nenhuma”, diria ele, anos depois, em entrevista ao Globo Esporte.
Aos 50 anos completados neste 17 de setembro de 2015, Luís Carlos de Oliveira Preto, o Pintado, agora veste verde e branco no comando técnico do Guarani, onde recentemente assumiu a missão de levar o clube campineiro de volta à Série B do Brasileirão.
Também com o verde, mas desta vez com o verde e o preto, é que fez história em 2000, pelo América Mineiro, já no final da carreira de atleta, ao liderar a equipe nas duas vitórias sobre o Cruzeiro pela Copa Sul Minas.
Seria o bastante para também tornar-se ídolo da fanática torcida do Coelho e voltar ao clube quatro anos depois, como treinador, ano em que deu início à sua trajetória à beira dos gramados.
Os dois títulos da Libertadores, o do Mundial Interclubes e o do Campeonato Paulista pelo São Paulo, porém, são os que mais lhe deixaram marcas, a ponto de não esconder de ninguém que é são-paulino e sonha um dia voltar a vestir o manto vermelho, branco e preto, desta vez como treinador.
“Mas quero que isso aconteça por eu ser um bom técnico, e não pela minha história no clube”, disse Pintado, recentemente, ao Esporte Interativo.
Enquanto isso não acontece, contenta-se com as memórias dos tempos em que viveu o auge de sua carreira, ao lado de ídolos como Raí, Zetti e Telê Santana.
“Eu sentia tanto a força da torcida, que sentia o gramado se mexer. Ter vivido essa história foi minha parcela de sorte na vida. Sei que nunca vou conseguir ganhar numa loteria, porque esse foi o presente que Papai do Céu me deu: jogar no São Paulo.”
* Fábio Guedes, 28 anos, é jornalista.
Confira a reportagem do Globo Esporte com o ídolo são-paulino:
Fontes:
– SPFC.net