6 de julho de 1865
“A semana foi singularmente improdutiva de acontecimentos emocionantes”.
Esta frase abriu a primeira edição da mais antiga revista semanal dos Estados Unidos, há exatos 150 anos.
Como escreve o atual editor do blog de acervo, Richard Kreitner, “The Nation começou a ser publicada com o que deve ser a mais enfadonha sentença a inaugurar um periódico, ainda mais o número 1…”.
Atualmente, “é um aforismo que os editores gostam de citar, uma promessa para resistir ao sensacionalismo em meio a um cenário de mídia que, mesmo assim, tende a hipérbole”, como bem relatou o Huffington Post, em texto lembrando do sesquicentenário.
Um século e meio depois, The Nation não somente celebra o aniversário com uma edição paquidérmica, um documentário, um livro, novos projetos online, entre outras novidades, mas se mantém como “uma bandeira da esquerda” (“the flagship of the left”), um espaço para o dissenso, a controvérsia e o debate. Ou seja, um oásis em meio à crise do jornalismo atual.
Fundada por abolicionistas logo após a Guerra Civil, em 1865 – “um dos anos mais importantes da história”, como os próprios definiram -, a revista se estabeleceu em Manhattan. Edwin Lawrence Godkin, o editor, que havia trabalhado como correspondente do Daily News e do New York Times, era um liberal clássico.
“Um órgão de opinião caracterizado por sua elocução por abrangência e a deliberação, um órgão que deve identificar-se com as causas, e que deverá dar o seu apoio aos partidos principalmente como representante dessas causas”. Essa era a essência da revista. E ainda é.
No primeiro ano, uma série de reportagens intitulada “The South As It Is” – “O Sul Como Ele É” – continha um relato sobre a situação da região após a Guerra de Secessão. Escrita por John Richard Dennett, recém-formado em Harvard e que havia participado do Port Royal Experiment, a reportagem entrevistou veteranos dos confederados, escravos livres, pessoas comuns, entre outros, e foi definida pelo NY Times como “exemplo de jornalismo magistral”.
Ao longo de 150 anos, The Nation tomou posição diante dos mais relevantes fatos da História dos Estados Unidos e do mundo, como o New Deal, a Segunda Guerra Mundial, a luta por direitos civis, entre tantos outros. Nos anos 1950, durante o Macartismo, foi acusada de “comunista”.
Entre ilustres colaboradores estão Martin Luther King, Albert Einstein, Hannah Arendt, John Steinbeck, Pablo Neruda, Federico García Lorca, Allen Ginsberg, James Baldwin, Jean-Paul Sartre e centenas de intelectuais, poetas, pensadores, filósofos e importantes personalidades da História.
“A única constante na história de The Nation tem sido a fé – e não em partidos políticos ou políticas, mas em o quê pode acontecer quando você diz às pessoas a verdade”, disse a atual editora-chefe, Katrina vanden Heuvel.
Que a revista siga o seu caminho liberal e aberto ao debate.
Os 150 anos da revista e entrevista com Katrina vanden Heuvel:
Fontes: