Há 40 anos… dia 15 de junho de 1975.
“O futebol nos Estados Unidos estava tendo uma morte lenta, dolorosa e, em grande medida, despercebida em 1975. Cinco anos depois que a North American Soccer League (NASL) começou, o esporte mal havia sido registrado pelo radar do público. ‘Futebol’, disse um escritor, ‘era apenas um jogo praticado por comunistas e afeminados, com shorts curtos’. Mesmo em Nova York, a metrópole mais diversificada do planeta, havia pouco apetite para o jogo e a própria franquia da cidade, o New York Cosmos, estava, de acordo com seu goleiro americano Shep Messing, ‘atraindo menos atenção do que os filmes pornôs da Oitava Avenida’.
De propriedade da Warner Communications, o New York Cosmos era, como muitas outras franquias, uma equipe indo rapidamente a lugar nenhum. Um conjunto de estudantes maltrapilhos, estrangeiros e trabalhadores de meio período, jogavam seu futebol em um campo de atletismo de uma high school, diante de fileiras e mais fileiras de assentos vazios. Ninguém sabia sobre eles, muito menos se importava com eles.
Trinta anos atrás, neste dia, tudo isso mudou, graças ao espírito indomável de um homem, o músculo financeiro de outro e, é claro, a reputação global de Pelé, o maior jogador do mundo.”
A abertura do texto de Gavin Newsham, de dez anos atrás, no site do Guardian, resume o terremoto que foi Edson Arantes do Nascimento na Terra do Tio Sam. Um sismo iniciado há exatas quatro décadas.
Em 15 de junho de 1975, Pelé estreou com a linda camisa branca do New York Cosmos. 8 meses e 13 dias depois de se despedir do Santos, de braços abertos, na Vila Belmiro, o Rei entrava no também acanhado Downing Stadium, em Randall’s Island (chamada “Vandal’s Island” pelos locais, como lembra o artigo do Guardian!), para debutar pelo novo clube.
Cinco dias antes, a mídia americana já dispensara extensa e inédita cobertura à assinatura de contrato de Pelé com o Cosmos. Um vínculo de 3 anos, com salários de US$ 2,8 milhões por ano à época, o maior entre os atletas em todo o mundo. “Pode um só homem popularizar o futebol nos Estados Unidos?”, perguntava Sal Marchiano, em reportagem da rede de TV ABC.
A cobertura manteve a grandiosidade na primeira partida. O duelo entre Cosmos e o Dallas Tornado teve transmissão para 30 países, com a CBS alcançando audiência de 10 milhões de telespectadores, recorde absoluto para o futebol na época. Mais de 300 jornalistas estavam no diminuto estádio, abarrotado com 22.500 torcedores nas arquibancadas (e outros milhares fora!).
No campo, Pelé entregou o quê todos esperavam: lances geniais, passes, dribles, a despeito dos 34 anos e do gramado tenebroso. E o jogo ainda ajudou, com aquele roteiro excitante de Hollywood.
O Dallas abriu 2 a 0 e o camisa 10 entrou em cena para se tornar o herói, com happy end e tudo! Deu passe para o israelense Mordechai Spiegler fazer o primeiro e, com uma cabeçada daquelas, levou o estádio abaixo no gol de empate.
Os gringos conheceram o soco no ar!
Mais de dois anos e 37 gols depois, Pelé disse “love, love, love” e “bye, bye”.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
A estreia de Pelé no Cosmos:
Fontes: