Há 35 anos… dia 18 de maio de 1980.
POR PAULO SENE*
“Meu coração pulou quando percebi que ele tinha deixado um bilhete para mim. Eu me curvei para pegá-lo e, com o canto de olho eu o vi. Ele estava ajoelhado na cozinha. Fiquei aliviada – satisfeita que ele ainda estava lá. Dei um passo em direção a ele, prestes a falar. A sua cabeça estava curvada e suas mãos estavam descansando sobre a máquina de lavar. Eu o fitei. Ele estava muito parado. Então, a corda – não tinha notado a corda. A corda do varal estava em volta de seu pescoço.”
O poderoso depoimento de Deborah Curtis está presente no livro Ian Curtis & Joy Division – Tocando a distância. O texto autobiográfico e dramático narra a trajetória da seminal banda e a breve e curta vida (pessoal e profissional) de Ian Curtis, a alma do grupo de apenas dois discos: “Unknown Pleasures” e Closer, lançado posteriormente a morte de Ian.
A doença de Ian (epilepsia) foi uma das principais causas da personalidade do Joy Division, representada nas letras depressivas e introspectivas. O suicídio parecia o caminho natural de uma mente que não estava preparada para lidar com o sucesso – o grupo se preparava para uma extensa turnê pelos Estados Unidos – nem lidar com a decisão de se separar da esposa com criança pequena ou fugir para os braços da amante belga, Annik Honoré.
A história de Ian e do Joy Division pode ser vista em filmes como “Control”, de Anton Corbijn, e “24 Hour Party People”.
Como seria a música se esse ícone do pós-punk ainda estivesse vivo? Como seria se ele tivesse feito a turnê americana? E como seria o Joy Division não tivesse se tornado o New Order?
Nunca saberemos, o que fica é o legado…
* Paulo Sene, fã de pré, pós e punk, fotógrafo nas horas vagas e viciado em bicicleta.
“Transmission”:
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