Há 30 anos… dia 21 de abril de 1985.
O Brasil estava grudado na TV, mas não por causa da Fórmula 1.
Rezas, orações e um eterno estado de vigília por Tancredo de Almeida Neves.
O presidente escolhido pelo colégio eleitoral no início do ano e internado no Hospital de Base do Distrito Federal em 14 de março, um dia antes da posse, estava às portas da morte. E todo o povo pedia por um milagre. Que não veio.
Em meio à dor e a angústia do inevitável, nasceu um novo ídolo nacional. Como em um ciclo escrito pelo destino, Ayrton Senna apareceu para iniciar a sua jornada de herói.
Sob chuva torrencial em Estoril, Portugal, o piloto brasileiro conduziu a icônica Lotus preta à pole position e à vitória. Em um fim de semana inesquecível, a consagração plena e total.
No sábado, cravou 1min21s007 para ser o primeiro do grid, à frente de Alain Prost, da McLaren. No domingo, com água pra todo lado, teve coragem e extrema habilidade para liderar de ponta a ponta durante duas horas e 67 voltas de prova.
Para se ter uma ideia das condições adversas e perigosas da disputa, apenas 9 de 26 pilotos que largaram conseguiram receber a bandeirada. Nelson Piquet, Niki Lauda e Keke Rosberg, por exemplo, então grandes nomes da Fórmula 1, não terminaram.
Senna mostrou por que seria apelidado de “Rei da Chuva”. A primeira aula tinha sido em Mônaco, no ano anterior, e ele só não venceu com a Toleman porque a direção da prova interrompeu a disputa por conta da falta de visibilidade. Justamente quando Senna estava prestes a ultrapassar o líder Alain Prost…
Em Portugal, em sua segunda corrida pela Lotus, Senna deu show completo e só não colocou uma volta de diferença em cima do segundo colocado, o italiano Michele Alboreto, da Ferrari. Pole, vitória e, pra fechar, volta mais rápida: 1min44s121.
Ao final, punho ao céu e vibração, o gesto imortal de Ayrton Senna da Silva.
De noite, precisamente às 22h30min, em uma sala do Instituto do Coração, em São Paulo, o secretário de imprensa do governo, Antônio Britto, anunciou o quê já estava escrito, mas ninguém queria ouvir: Tancredo estava morto.
21 de abril de 1985, um dia inesquecível para o Brasil.
A primeira vitória de Senna:
Fontes: