Há 5 anos… dia 29 de março de 2010.
A exemplo de Chico Mendes, Armando Nogueira foi a prova de que o Acre existe, sim, senhor! Conterrâneos de Xapuri, foram, cada um à sua maneira, figuras notáveis do Brasil. Chico, um bravo guerreiro socioambiental, defensor da floresta e dos seringueiros e que morreu lutando. Armando, um sublime engenheiro das palavras, criador da TV e do esporte e que se despediu escrevendo.
Diário Carioca, Jornal do Brasil, Diário da Noite, Manchete, O Cruzeiro, Globo, Cultura, Band, SporTV, CBN, Bandeirantes… Foram 60 anos de jornalismo. Grande parte dedicada à sua maior paixão, o futebol. Mesmo na direção da Central Globo de Jornalismo, criada por ele e Alice Maria, não se afastou do futebol e do esporte (na empresa dos Marinho, também chefiava a divisão de esportes!).
Na Globo, Armando Nogueira trabalhou por 25 anos, de 1966 a 1991. Criou o telejornalismo da emissora e programas que existem até hoje, como o Jornal Nacional e o Globo Repórter. Saiu por causa da polêmica do debate presidencial de 1989 (já lembrado aqui no efemérides!). Peitou Roberto Marinho e acabou afastado.
Pôde, então, retornar onde tudo começou: a crônica esportiva, sua maior vocação, sem dúvida. O início na seção de Esportes do Diário Carioca foi uma escola no jornalismo para um garoto de 20 e poucos anos, há apenas cinco morando no Rio de Janeiro.
A convivência com feras como Prudente de Moraes Neto, Carlos Castello Branco, Otto Lara Resende, Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, entre outros, moldou o texto de Armando. Logo, começaria a criar crônicas fantásticas e inesquecíveis sobre futebol.
Tinha perspicácia, lirismo e habilidade para conceber frases, imagens, expressões e metáforas precisas sobre personagens, jogos, lances e histórias do mundo da bola.
A melhor frase é sobre o maior craque de seu time, o Botafogo: “Para Garrincha, a superfície de um lenço era um latifúndio”. Genial.
Sobre o Rei, disse: “Se Pelé não tivesse nascido gente, teria nascido bola”. Aliás, talvez a única mancha de sua carreira tenha sido a redação dos textos para o documentário “Pelé Eterno”, excessivamente piegas.
Nada que macule a carreira do jornalista das Copas. Foram nada mais nada menos do que 14 mundiais! Das 18 realizadas com Armando vivo, de 1930 a 2006, só não esteve em 1930 (Uruguai), 1934 (Itália), 1938 (França) e na de 1950, no Brasil, já que ainda iniciava a carreira.
Uma carreira abençoada pela palavra. Uma vida dedicada ao jornalismo.
Armando Nogueira, um dos maiores cronistas esportivos do Brasil.
Crônica “A Bola”, na voz e interpretação de Paulo José:
Fontes: