Há 40 anos… dia 24 de março de 1975.
De um lado, o novo-velho campeão dos pesados, o único e extraordinário Muhammad Ali, na primeira defesa de título após a luta do século contra George Foreman, no Zaire.
Do outro lado, o azarão, o underdog, como eles dizem lá: Chuck Wepner, conhecido como “Bayonne Bleeder” ou “O Sangrento de Bayonne”, pela fama em sempre sair com inúmeros cortes no rosto em quase todas as lutas profissionais.
Exatos 14.847 espectadores se acotovelavam no Richfield Coliseum, em Cleveland, Ohio.
Na TV, somente o pay-per-view transmitia. Atrás de um dos televisores, um jovem e ainda desconhecido ator assistiu ao embate, que durou quase 15 rounds. Então, veio a inspiração para escrever o roteiro de um filme. O ator? Sylvester Stallone. O filme? “Rocky”.
Rocky Balboa, “O Garanhão Italiano”, é Chuck Wepner, “O Sangrento de Bayonne”.
Stallone ficou impressionado com a resistência e a determinação do boxeador. Por quase 15 assaltos, o grandalhão de bigode e exóticos calções aguentou as conhecidas provocações de Ali, além, claro, de suportar seus pesados golpes e seu bailar inigualável.
Mas Wepner fez mais. Após oito assaltos escutando o campeão zombando de sua cara e transformando a luta em uma grande brincadeira, o desafiante resolveu agir.
No 9º round (33:50 no vídeo abaixo), um cansado, desajeitado (e sangrento!) Wepner partiu pra cima de Ali. O campeão mantinha a dança e circulava ao redor do azarão, que mal conseguia atingí-lo.
De repente, um cruzado de esquerda atinge o pescoço de Ali, seguido de um outro de direita, na região hepática. Ali estava no chão. O ginásio veio abaixo.
“Eu me lembro exatamente o que estava pensando. Eu disse ao meu técnico, Al Braveman: ‘Liga o carro, vamos para o banco, ficamos milionários!’. Al disse: ‘Ele está levantando e parece puto!’. ‘Oh-oh!’, eu disse”, relembra Chapner, em ótima entrevista ao site britânico boxingnewsonline.net, recontando a história daquela luta.
Por alguns segundos, Wepner pensou que tinha levado o cachê de US$ 1,6 milhão. Seis assaltos depois, estava na lona. Não resistiu à sequência avassaladora do campeão. A essa altura, nada mais importava.
Chuck Wepner estava prestes a se imortalizar. Dos ringues para as telas.
Por muitos anos, amargou o fato de não ganhar nada pela inspiração do personagem do cinema. Processou Stallone. Acabaram se entendendo na Justiça e hoje são amigos.
Wepner ganhou um documentário da ESPN sobre sua vida e ainda vai lançar uma cinebiografia até o final de 2015.
A arte imita a vida. A vida imita a arte.
A luta, na íntegra:
Fontes:
Um comentário sobre “Ali vence Chuck Wepner e nasce a lenda “Rocky Balboa””