Há 25 anos… dia 2 de fevereiro de 1990.
Cidade do Cabo, capital legislativa da África do Sul.
Ainda sob o regime do apartheid, o país se encontrava nas ruas naquele 2 de fevereiro.
Negros e brancos, simpatizantes do Congresso Nacional Africano (CNA), repórteres e jornalistas da imprensa internacional, todos se misturavam no centro da capital e fora do prédio do Parlamento.
Na Catedral de St. George, o arcebispo Desmond Tutu reunia seus fiéis.
Todos esperavam pelo grande anúncio: a libertação de Nelson Mandela, há 28 anos encarcerado pelo regime opressor.
Mas Frederik De Klerk, que assumira a presidência em agosto de 1989, com palavras conciliadoras e de aproximação aos movimentos antiapartheid, frustrou a todos.
No discurso de abertura dos trabalhos do Congresso, De Klerk anunciou medidas importantes, como a legalização do CNA de Mandela, do Partido Comunista e de outros movimentos antiapartheid, além da libertação de presos políticos, do fim à censura e da suspensão de penas capitais.
A libertação de Mandela não entrou no discurso. Foi um anticlímax.
De Klerk tinha uma estratégia.
“Eu tinha decidido minimizar isso (libertação de Mandela) em meu discurso. Eu sabia que a imprensa mundial estava lá, não porque queriam me ouvir falar, mas porque queriam testemunhar a libertação de Nelson Mandela. Mas eu queria que eles se concentrassem nas decisões fundamentais que havíamos tomado e julgá-las em seus méritos, e diminuir e ofuscar todo o pacote”, revelou, 20 anos depois, em 2010, à reportagem do Independent.
O próprio Mandela não queria sair da prisão. E disse isso a ministros próximos do presidente. Julgava que precisava de mais tempo. Mas não esperava que De Klerk fosse adiar o anúncio. Na verdade, ele citou o líder antiapartheid e disse que a liberdade de Mandela seria decidida em breve.
A tática deu certo. Os olhos da mídia se voltaram ainda mais para a África do Sul e De Klerk pavimentou terreno para que as mudanças anunciadas fossem aceitas e colocadas em prática. O presidente ganhou tempo e o Congresso. Além, claro, de aplacar os apoiadores do regime de segregação, sedentos pela permanência do apartheid.
Nelson Mandela sairia da prisão 9 dias depois, em 11 de fevereiro.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Ouça o discurso de Frederik De Klerk:
Fontes: