Morre o sambista Zé Kéti

Há 15 anos… dia 14 de novembro de 1999.

Morre o sambista Zé Kéti

Até o fim dos tempos, dos bambas e do samba, ele estará entre nós.

Em qualquer roda, batucada de botequim, gafieira, baile, bloco ou cordão, ele estará entre nós.

Em algum momento, será lembrado, cantado, louvado.

No quente da roda, aquele ápice em que um samba puxa outro, alguém há de entoar: “Eu sou o samba, a voz do morro sou eu mesmo, sim senhor!”.

Na batucada da mesa do boteco, já altas da madrugada, o bêbado vai cantar, solitário, ao garçom: “Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí, levando um violão, debaixo do braço!”.

Na gafieira elegante, o rapaz vai se declarar para a moça, sussurros ao pé do ouvido: “Vejo agora esse teu lindo olhar, olhar que eu sonhei, e sonhei conquistar, e que num dia afinal conquistei, enfim”.

No baile, bloco ou cordão, a folia vai pulsar em coro: “Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é Carnaval!”.

Zé Kéti está entre nós! Há 15 anos, ele partiu de corpo, aos 78 anos. Seu samba ficou e ficará. Até o fim dos tempos.

Porque o carioca e portelense José Flores de Jesus deixou obra imortal para o samba e a Música Popular Brasileira. Eterna.

O apelido nasceu pelo temperamento tímido. Virou “Zé Quieto”, “Zé Quietinho”. Depois, simplesmente Zé Kéti. Começou na ala dos compositores da Portela, na década de 1940. “Tio Sam no Samba” (1946) foi a primeira composição gravada, pelo grupo Vocalistas Tropicais. Experimentou o gostinho do sucesso na parceria com Jorge Abdala, “Amor Passageiro”, gravada por Linda Batista.

 

O estouro viria em 1955, com “A Voz do Morro”, presente em “Rio 40 Graus”, de Nelson Pereira dos Santos. Zé Kéti foi ator e segundo assistente de câmera no filme e também emplacou “Leviana” na trilha sonora.

No início dos anos 1960, juntou um pessoal da pesada no conjunto “A Voz do Morro”: Paulinho da Viola (apelido dado por ele e Sérgio Cabral!), Élton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro, Nelson Sargento, Oscar Bigode e José da Cruz. Foi diretor musical do Zicartola, o famoso restaurante de Cartola e Dona Zica.

Foi ali que acabou “descoberto” pelo pessoal da zona sul carioca. Entre eles, Carlinhos Lyra e Nara Leão. Com Lyra, gravou “Samba da Legalidade”. Já com a musa da Bossa Nova a parceria foi mais duradoura e produtiva. Ela gravou “Diz que fui por aí” em seu primeiro disco solo. E ainda chamou o sambista para fazer parte do espetáculo “Opinião”.

Zé Kéti, Nara e João do Vale fizeram história com o show, uma das primeiras manifestações artísticas contra a ditadura militar. Ele lançou os sucessos “O Favelado”, “Nega Dina” e “Opinião” e virou estrela da MPB. Em 1965, fez ainda mais barulho com “Acender as Velas”, talvez a sua maior composição.

“Máscara Negra”, gravada por ele e Dalva de oliveira, foi a música do carnaval de 1967. Composta em parceria com Hidelbrando Matos, venceu o 1º Concurso de Músicas para o Carnaval, criado pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som (MIS).

A partir de então, ficou mais quietinho. Morou em São Paulo em meados da década de 1970, época em que apresentava o espetáculo “Eu sou o samba”, na boate Jogral. O primeiro derrame em 1987 o abalou um pouco. Voltou ao Rio em 1995 e recebeu inúmeras homenagens. Gravou com Marisa Monte e a Velha Guarda da Portela e ganhou o Prêmio Shell pelo Conjunto da Obra.

Até hoje, segue cantado e homenageado.

Afinal, ele é o samba e a voz do morro, sim, senhor!

Viva Zé Kéti!

Sucessos de Zé Keti:

 

Fontes:

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