Morre Arthur Friedenreich, o primeiro craque do futebol brasileiro

Há 45 anos… dia 6 de setembro de 1969.

Morre Arthur Friedenreich, o primeiro craque do futebol brasileiro

Pense em qualquer marco do futebol brasileiro. Arthur Friedenreich estava lá.

Primeiro jogo da seleção brasileira? Arthur Friedenreich estava lá, em 21 de julho de 1914. O Brasil venceu o Exeter City, da Inglaterra, por 2 a 0.

Primeiro título oficial da seleção brasileira? Arthur Friedenreich não só estava lá, em 29 de maio de 1919, como marcou o gol da memorável vitória sobre os uruguaios, na decisão do Campeonato Sul-Americano. Nesse dia, ganhou o apelido pelo qual ficou conhecido: “El Tigre”.

Primeiro jogo do futebol profissional? Arthur Friedenreich estava lá, em 12 de março de 1933. Ainda anotou o primeiro gol da era no País, que abriu a goleada do São Paulo da Floresta sobre o Santos, 4 a 1.

Mais do que “o cara que estava lá”, Arthur Friedenreich é o primeiro craque do futebol brasileiro.

Nascido em 18 de julho de 1892, dois anos antes de Charles Miller desembarcar em terras tupiniquins com bolas, camisas, apitos e um livro de regras, Arthur Friedenreich traz no DNA a mistura do Brasil. Filho de comerciante alemão com lavadeira negra, o mulato de olhos azuis teve infância pobre no bairro da Luz, em São Paulo, lugar onde nasceu.

Começou a jogar futebol ainda moleque e logo iniciou trajetória nos clubes da capital paulista. Jogou no Germânia (atual Pinheiros), no Ypiranga, no Mackenzie e no Paulistano, time em que se sagrou hexacampeão do Campeonato Paulista (1918, 1919, 1921, 1926, 1927 e 1929). Foi artilheiro do torneio nove vezes.

Friedenreich foi o primeiro ídolo do São Paulo, quando o clube ainda se chamava São Paulo da Floresta. Ajudou na conquista do primeiro título do tricolor, o Paulista de 1931, seu último como jogador. Com a camisa de três cores, disputou 127 partidas e marcou 103 gols, até hoje a maior média da história do clube.

Além de “El Tigre”, alcunha que ganhou da imprensa uruguaia após o tento decisivo no Sul-Americano de 1919, também ficou conhecido como “Fried”. Após um 7 a 2 do Paulistano em cima da França, em uma das muitas excursões que o time fazia pela Europa, foi chamado de “Le roi du football“ (O rei do futebol) e “Le danger” (O perigo).

Como acontece com qualquer ídolo, há, também, muita lenda em torno de Friedenreich. A maior diz respeito ao número de gols. O Livro dos Recordes chegou a registrar um total de 1.329 gols. O escritor Alexandre da Costa, autor da biografia O Tigre do Futebol, concluiu que “Fried” anotou 554 gols em 561 partidas, ao longo de quase 26 anos de carreira.

Carreira encerrada em 21 de julho de 1935, aos 43 anos. A trajetória do primeiro craque do futebol nacional terminou em um Fla-Flu. Vestindo a camisa rubro-negra, não fez gols no empate em 2 a 2.

Chuteiras penduradas, Friedenreich virou funcionário da Companhia Antarctica Paulista, a atual Ambev. Foi embaixador da marca e viajou o Brasil divulgando a empresa na qual trabalhou por três décadas.

Viveu para ver Pelé aparecer e se tornar o Rei do Futebol, mas não o bastante para ver o maior de todos marcar o milésimo gol.

Morreu aos 77 anos, pobre e esquecido.

Nos últimos anos de vida, preparava suas memórias, com a ajuda generosa do amigo e jornalista Paulo Várzea, como revelou reportagem de 2011, de Guilherme Roseguini, no Esporte Espetacular (vídeo abaixo).

A matéria conta sobre o tesouro que o editor de livros César Oliveira recebeu: uma autobiografia de Friedenreich. Sua vida com suas próprias palavras.

Três anos depois, Oliveira ainda busca patrocínio e apoio para a publicação.

O Brasil segue uma nação sem memória.

O País se esquece de Arthur Friedenreich, o primeiro craque do futebol brasileiro.

A autobiografia de Arthur Friedenreich:

Fontes:

Wikipédia

acervo.oglobo.globo.com

guiadoscuriosos.com.br

globoesporte.globo.com

+MAIS:

livrosdefutebol.com

esporte.uol.com.br

4 comentários sobre “Morre Arthur Friedenreich, o primeiro craque do futebol brasileiro

  1. Mesmo exemplo do Garrincha que deu tantas alegrias ao futebol e morreu esquecido pois até o enterro teve que contar com a ajuda dos amigos

  2. Triste saber que um jogador de tal grandeza passou seus últimos dias com muita dificuldade, vida cruel!!!

Fala!

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.