Manchester United conquista a Liga dos Campeões

Há 15 anos… dia 26 de maio de 1999. 

Manchester United conquista a Liga dos Campeões

POR FELIPE FIGUEIREDO MELLO*

Não há torcedor apaixonado que não tenha passado (ou não vá passar) por momentos como os que foram vivenciados pelos torcedores de Manchester United e Bayern de Munique 15 anos atrás. A doce vitória conquistada “na bacia das almas” ou a mais amarga das derrotas, “no apagar das luzes”. É dessas coisas que o futebol proporciona àqueles que se aventuram a amá-lo e, posso garantir, uma experiência formadora de caráter.

O que distingue esses momentos genéricos com os que ocorreram no Camp Nou, Barcelona, em 26 de maio de 1999 é a profundidade da experiência a que ingleses e alemães foram submetidos: uma final disputada em jogo único, em campo neutro, do campeonato de clubes que reúne o maior número de potências e grandes craques do futebol. Fora a final de uma Copa do Mundo, a final da Liga dos Campeões da UEFA é, em termos objetivos, o maior evento do futebol que um torcedor pode experimentar.

Bayern e Manchester chegaram àquela final em Barcelona por caminhos bastante semelhantes. Tradicionais clubes em seus países e importantes na história do futebol europeu, bávaros e diabos vermelhos vinham de uma década de retomada de prestígio no continente. O Bayern sempre foi hegemônico na Alemanha,              mas foi só depois de trinta anos que voltou a conquistar um título europeu, com a Copa da UEFA (hoje Liga Europa) na temporada 95-96. Já o Manchester vinha de uma década de ouro em território nacional. Sob a batuta de Alex Ferguson, já com dez anos de casa, os Red Devils haviam conquistado cinco títulos nacionais e uma Recopa europeia, em 1991.

Faltava a ambos, portanto, a glória máxima.

Curiosamente, os finalistas daquela Liga dos Campeões disputaram a primeira fase no mesmo grupo, ao lado de Barcelona (dono do palco da final!) e Brondby, da Dinamarca. Os alemães terminaram em primeiro e chegaram à final depois de eliminar o compatriota Kaiserslautern e o Dínamo de Kiev, do craque Shevchenko. Os ingleses, em um caminho mais complicado, eliminaram os italianos da Internazionale e da Juventus.

Na grande final, a atmosfera criada por mais de 90 mil torcedores no Camp Nou dava a dimensão do que ocorreria naquele dia. De um lado, um clube orgulhosamente alemão, cujo plantel tinha apenas o ganês Kuffour como estrangeiro, liderado pelo veterano Lothar Matthaus e pelo ótimo Oliver Kahn, além do experiente Ottmar Hitzfeld no banco. Do outro, o clube modelo em gestão e marketing, campeão de bilheteria e venda de camisas mundo afora, liderado pela estrela David Beckham e por Ryan Giggs. Para completar o quadro, o famoso árbitro Pierluigi Collina foi responsável pelo apito.

O torcedor bávaro tem todos os motivos para lamentar. Além de ter aberto o placar logo aos seis minutos em cobrança de falta de Basler, controlaram a maior parte do jogo sem grandes emoções e chegaram, inclusive, a colocar uma bola no travessão no segundo tempo.

O torcedor inglês tem todos os motivos para comemorar. A partida se encaminhava para o final, já no primeiro minuto dos acréscimos, quando um escanteio é apitado em favor dos ingleses. Até o goleiro-capitão do United, Schmeichel, desesperado, sobe à área. Em cobrança venenosa de Beckham, após uma confusão na grande área com um bate-rebate entre adversários, a bola sobra para Ryan Giggs, que dá um chute “mascado”, sem jeito. A redonda sobra nos pés de Sheringham, que põe para dentro do gol.

Àquela altura, o empate já dava cores a uma partida tão cinza quanto o uniforme do Bayern. Há quem diga, inclusive, que o troféu já havia sido decorado com as tradicionais fitas vermelho-e-branco do time alemão.

Antes do empate, o presidente da UEFA, Lennart Johansson, já havia saído das tribunas a caminho do gramado para presentear o troféu aos bávaros. Ao pisar no gramado, teria dito espantado: “Não posso acreditar. Os vencedores estão chorando e os perdedores estão dançando!”.

O que ele não viu foi, justamente, a virada dos ingleses, dois minutos depois do empate. Em outra cobrança de escanteio de Beckham, Sheringham desvia de cabeça para Solskjaer, na frente do gol, colocar o pé na bola e decretar a pior das derrotas do Bayern de Munique.

Há quem diga, como Matthaus ao final do jogo, que foi sorte. Mas a verdade é que as únicas substituições feitas por Alex Ferguson na partida foram de Sheringham e Solskjaer. 1999 foi um ano mágico para os Diabos Vermelhos, que conquistaram a Tríplice Coroa e o Mundial Interclubes no Japão, diante do Palmeiras.

Ao final de tudo, Sir Alex Ferguson recebeu a condecoração da Rainha por seus serviços prestados ao futebol.

Mas essa história fica para outro dia… Porque todo dia é histórico.

* Felipe Figueiredo Mello nasceu pouco antes de Careca decidir, no último minuto, a mais emocionante final de Campeonato Brasileiro, entre São Paulo e Guarani. Também teve seu caráter moldado na final da Copa do Brasil de 2000, vencida pelo Cruzeiro sobre o São Paulo no último minuto.

Veja os gols do Manchester por um ângulo atrás da meta de Kahn:

Fontes:

Wikipedia

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