Há 10 anos… dia 3 de maio de 2004.
Lygia Pape foi um dos importantes nomes do movimento conhecido como Neoconcretismo. No Brasil não tem a fama ou o renome de Hélio Oiticica ou Ferreira Gullar, líderes do movimento do final dos anos 1950. Porém, certamente é uma das artistas plásticas brasileiras mais conhecidas no exterior.
Sua produção artística foi marcada por se relacionar aos grandes temas da humanidade (tempo, espaço, violência, sexualidade, política…), muitos deles contextualizados à história do Brasil (índios, negros, Amazônia…). Além disso, Lygia também foi importante por questionar o processo de produção. Ela defendia o uso de materiais inusitados e a interação da obra com o público.
Nascida em 1929, na cidade de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, se formou em filosofia na UFRJ. No início da carreira, se dedicou à xilogravura. Em 1956, participa da Exposição de Arte Concreta no MASP e em Zurique, na Suíça, e inicia sua trajetória.
Três anos depois, junto com Oiticica, Gullar, Lygia Clark, Reynaldo Jardim, entre outros, rompe com o Concretismo e inaugura o Neoconcretismo. Com o grupo, participa de várias exposições, com destaque para a Bienal de São Paulo de 1959.
Como mencionado anteriormente, Lygia Pape se notabilizou pela abordagem de grandes temas e pelo uso de materiais diferentes.
Em 1967, por exemplo, apresentou a obra “Caixa de Formigas”, em que colocou, dentro de uma caixa de madeira, enormes saúvas vivas e um pedaço de carne crua. Na base, uma inscrição: a gula ou a luxúria.
Sempre em linha com a contínua experimentação de formas e materiais, utilizou sacos de plástico, bolas de borracha, efeitos de luz, cor e transparência no trabalho “Ovos de Vento ou Ar de Pulmões – Windbow”, de 1979.
A artista carioca produziu, com relevância e destaque, até o fim da vida. Em 2002, a dois anos de sua morte, apresentou a instalação “Carandiru” – referência ao massacre de 10 anos antes –, que tinha uma cachoeira vermelha e uma base na forma do Manto Tupinambá. O genocídio unindo presos e o povo indígena.
Além da vasta obra nas artes plásticas, Lygia Pape também trabalhou com o Cinema, nos anos 1960 e 1970. Foi programadora visual de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha.
Lygia Pape morreu aos 75 anos, no Rio, por falência múltipla dos órgãos.
OBS.: Esse post não seria possível sem a consultoria e ajuda do amigo, cunhado e artista plástico Francesco Di Tillo! Grazie, amico!
A performance “Divisor”:
Fontes: