30 de abril de 1914
“Gostar de si mesmo, sem egoísmo. Apreciar as pessoas em volta. Cuidar da saúde mental e física. Gostar dos seus horários. Não ficar melancólico, mas guardar na lembrança as melhores coisas da vida. E não abrir mão de ser feliz. A busca da felicidade já justifica a existência.
Tom Jobim tinha razão: Dorival Caymmi foi um gênio. Porque os gênios são simples. A simplicidade é característica comum à “classe”. Nos ensinam as coisas simples. Nos lembram da beleza das coisas simples.
Se Vinicius de Moraes nos mostrou que é preciso seguir o caminho do amor e da paixão, Dorival Caymmi nos guiou pelo caminho da alegria, da beleza e da simplicidade.
O caminho do mar: O mar quando quebra na praia, é bonito, é bonito
A beleza da Bahia: A Bahia tem um jeito, que nenhuma terra tem!
A simplicidade da vida: Pobre de quem acredita na glória e no dinheiro para ser feliz
Hoje, esse gênio simples, brasileiro, baiano, filho do mar, completa 100 anos.
A história de Caymmi com a Bahia começa quando o bisavô paterno veio da Itália para ajudar nos reparos do Elevador Lacerda, um dos símbolos de Salvador. Italiano da parte do pai, português e africano do lado da mãe, Dorival Caymmi nasceu ítalo-luso-afro-soteropolitano (!), em 30 de abril de 1914.
Logo cedo, o menino Dorival se apaixonou pela música. Durval Henrique, o pai, funcionário público, tocava piano, violão e bandolim. Gostava de organizar saraus em casa. Aurelina, a mãe, dona de casa, cantava o dia inteiro. No fonógrafo e nas ondas do rádio, ele também ouvia música.
Aprende violão e começa a compor. A primeira, “No Sertão”, nasce em 1930. Quatro anos depois, aos 20, Caymmi estreia como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia. A união com a música seria eterna.
Ganha programa próprio – Caymmi e Suas Canções Praieiras -, concurso de música com “A Bahia também dá” e resolve ir para o Rio, incentivado pelo diretor da Rádio Clube da Bahia, Gilberto Martins.
Na Cidade Maravilhosa, trabalha como jornalista e cursa Direito, mas segue cantando e compondo. Com poucos meses no Rio, começa a cantar na Rádio Tupi. No programa Dragão da Rua Larga, Caymmi chama a atenção ao interpretar “O que é que a baiana tem?”, que acaba se tornando mundialmente conhecida por causa do filme “Banana da Terra”, alavancando a carreira de Carmen Miranda e a imagem de alegria do Brasil no exterior.
Depois, Caymmi vai pra Rádio Nacional, onde conhece Stella Maris, então uma cantora caloura de 17 anos. Apaixonados, se casam em 1940 e têm três filhos: Dori, Danilo e Nana, que acabam enveredando pelo caminho dos pais, ou seja, a música.
Vira referência como compositor de samba e torna-se inspiração para a Bossa Nova, movimento que nasceria no final dos anos 1950.
Vira referência de música brasileira, de música da Bahia, de Brasil.
Dorival Caymmi é parte da história da MPB, da história do Brasil. Sua obra retratou a beleza do País, a simplicidade do brasileiro, a alegria da Bahia.
Um gênio simples, que não abriu mão de ser feliz. Com o mar, a música e a Bahia no coração.
“O Mar”, música pela qual Dorival Caymmi gostaria de ser lembrado:
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