“Deus e o Diabo na Terra do Sol” tem pré-estreia no Rio

Há 50 anos… dia 13 de março de 1964.

13mar14

POR CARLOS PALMA*

Fico pensando em “Deus e o Diabo na Terra do Sol” de Glauber. Fico pensado no prazo de validade de um filme.

Fico pensando no prazo de validade da grande arte. Ou de todas as artes.

Manuel e Rosa não têm prazo de validade. Personagens emblemáticos deste filme que Glauber, com apenas e tão somente 24 anos, pôs na tela para refletir sobre a condição desumana de um povo que ainda sofre as condições impostas pelo latifúndio, pela seca que incompreensivelmente assola uma grande região ignorada pela maioria de nós, a não ser quando isto vira um rodapé de notícia na grande mídia. A pérfida condição de um sertão que um dia Sá, Rodrix e Guarabyra profetizaram irá virar mar.

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” é uma fábula que bem poderia ser do poeta e dramaturgo português Gil Vicente, com sua Barca do Inferno atravessando o limbo dos desvalidos pecadores, vingativos e sem nenhuma promessa de um paraíso eterno. Dos que nasceram desvalidos.

Quando Glauber cometeu esse pecado sem validade tinha apenas meus quase inocentes 10 anos. Quando assisti, perto dos meus 17, ainda não havia nas caixinhas e saquinhos de supermercados prazos de validade estampados para sabermos onde terminava a vida e quando começava a morte.

Para aquela gente do filme, Deus e o Diabo se confundem numa promessa que vale um lugar no Céu.

Todos nós conhecemos pessoas que já esgotaram seus prazos de validade e continuam quais zumbis fazendo filmes que não dizem por que o fizeram, a não ser pela grana que vale um lugar no paraíso dos grandes shoppings.

A arte de Glauber não.

* Carlos Palma, ator, cenógrafo, dramaturgo.

Veja “Deus e o Diabo na Terra do Sol” completo:

+ MAIS:

– revistacult.uol.com.br

– estadao.com.br

– rocco.com.br

– IMDb

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