Há 35 anos… dia 23 de fevereiro de 1979.
“Apocalypse Now” é a insanidade, os bastidores do poder e da guerra, “o horror, o horror”.
“Full Metal Jacket” é o patriotismo cego, o cinismo, a loucura.
“Platoon” é o homem, a biografia, o drama pessoal.
Cada filme sobre a Guerra do Vietnã tem uma abordagem própria. Um foco particular para falar sobre uma cicatriz americana até hoje aberta, exposta.
“The Deer Hunter”, de Michael Cimino, apresenta todos os aspectos dos longas-metragens citados, mas tem algo que os outros não têm: sensibilidade, emoção.
Uma maneira ímpar de contar a trama, o drama, que te faz chorar. Essa é a diferença: ao contrário de “Apocalypse Now”, “Full Metal Jacket” ou “Platoon”, “The Deer Hunter” nos leva às lágrimas. Lágrimas doídas.
Com a palavra, o crítico Roger Ebert:
“’The Deer Hunter’, de Michael Cimino, é um filme de três horas em três movimentos principais. É uma progressão de um casamento a um funeral. É a história de um grupo de amigos. É o registro de como a Guerra do Vietnã entrou na vida de várias pessoas e as alterou terrivelmente e para sempre. Não é um filme anti-guerra. Não é um filme pró-guerra. É um dos filmes mais emocionalmente devastadores já feitos.”
Sem comentários.
Cimino atingiu a perfeição, o que não aconteceria novamente em sua carreira de diretor, marcada por fracassos e trabalhos menores. E quem se importa?
O elenco é ponto alto em “The Deer Hunter”.
No grupo de amigos, o protagonista Michael é interpretado por Robert De Niro, à época já premiado com um Oscar pela segunda parte de “O Poderoso Chefão” e com indicação por “Táxi Driver”. O iniciante Christopher Walken faz Nick. John Savage, conhecido depois pelo papel principal em “Hair”, faz Steven. John Cazale é Stan.
Aliás, Cazale merece um parágrafo particular. Foi um grande ator que morreu cedo demais. É sempre descrito como um rosto conhecido por qualquer cinéfilo, mas cujo nome escapa. Tem feito incrível em sua breve carreira: simplesmente todos os longas de que participou foram indicados ao Oscar de Melhor Filme.
Cazale fez Fredo nos dois primeiros “Chefões” e ainda apareceu na terceira parte. Foi co-protagonista em “A Conversação”, de Coppola, com Gene Hackman. Estrelou o ótimo “Um Dia de Cão”, junto com Al Pacino.
Na época das filmagens de “The Deer Hunter”, Cazale estava em estado terminal de câncer, mas aceitou o papel e se dedicou até o último segundo de vida ao cinema. Cimino sabia da situação e adiantou as gravações das partes de Cazale.
John Cazale morreu em 12 de março de 1978, pouco depois do término da filmagem. Sua namorada era a jovem e talentosa Meryl Streep, que também está em “The Deer Hunter”. No papel da doce Linda, dizem que Streep improvisou todo o seu texto. Impressionante.
“The Deer Hunter” faturou cinco estatuetas do Oscar de 1979: Melhor Filme, Melhor Diretor (Michael Cimino), Melhor Ator Coadjuvante (Christopher Walken), Melhor Fotografia, Melhor Edição e Melhor Som.
Meses depois da obra-prima de Michael Cimino, chegaria aos cinemas a versão de Francis Ford Coppola sobre a Guerra do Vietnã, outra obra-prima: “Apocalypse Now”.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Veja o trailer de “The Deer Hunter”:
Fontes:
– IMDb