12 de janeiro de 1914
“Na tribo, o velho é o dono da história, o adulto é o dono da aldeia e a criança é a dona do mundo”
Orlando Villas-Bôas dedicou boa parte de seus 88 anos de vida aos povos indígenas do Brasil. Ao lado dos irmãos Cláudio e Leonardo, conheceu de perto os costumes, as tradições e o modo de vida dos nativos do País.
Nascido em Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo, Orlando mostrou interesse e curiosidade pelo Brasil e pelos índios desde cedo. Fascinado pela história do marechal Cândido Rondon, responsável por instituir uma política de proteção aos indígenas, Orlando sempre se pautou pelos ideais de Rondon, principalmente o lema “morrer se preciso for, matar, nunca”.
Em 1943, junto com Cláudio e Leonardo, Orlando participou da expedição Roncador-Xingu, criada pelo governo federal para desbravar e conhecer áreas no Centro-Oeste e na Amazônia.
Em 24 anos de exploração, os irmãos Villas-Bôas abriram mais de 1.500 km de estradas, conheceram 1.000 km de rios, mapearam 6 novos rios e tiveram contato com cerca de 18 aldeias indígenas, além de deixarem semente para o nascimento de 40 novas cidades.
Ao final, propuseram a criação de um parque indígena, para que diversas tribos pudessem conviver e se proteger. Em 1961, com a participação e apoio do antropólogo Darcy Ribeiro, o então presidente Jânio Quadros sancionou a fundação do Parque Nacional do Xingu, em uma área de 26 mil km². Orlando Villas-Bôas foi o primeiro presidente do parque, entre 1961 e 1967.
Continuou sua missão de vida, participou de outras expedições e, em muitas, foi o primeiro a entrar em contato com novas tribos, como os txikãos e os kranakaores, em 1973. Cinco anos depois, se aposentou pela Fundação Nacional do Índio, a FUNAI, mas seguiu na defesa dos povos indígenas e prestando assessoria ao órgão.
Em 2000, foi demitido da fundação via fax, o que gerou enorme repercussão negativa e um pedido público de desculpas do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Chegou a ser readmitido, mas preferiu aceitar convite para prestar consultoria à Faculdade de Medicina da USP. Os mais de 40 anos na selva e em expedições fizeram Orlando contrair todo tipo de doença. Teve malária por mais de 200 vezes!
Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em duas ocasiões (1971 e 1975), junto com o irmão, Cláudio. Recebeu diversos títulos Honoris Causa de universidades brasileiras, tem a Medalha do Fundador, concedida pela Royal Geographical Society of London, e outras condecorações oficiais, como “Grau Oficial da Ordem do Rio Branco” e “Grão Mestre da Ordem Nacional do Mérito”.
Em 2001, foi homenageado pela escola de samba Camisa Verde e Branco, de São Paulo, com o samba-enredo “Sertanista e Indigenista, Sim. Mas Por Que Não? Orlando Villas Bôas”.
Morreu em 2002, por falência múltipla dos órgãos.
Em 2012, o diretor Cao Hamburguer retratou a expedição Roncador-Xingu no filme “Xingu”. O ator Felipe Camargo interpretou Orlando Villas-Bôas.
Veja o trailer do filme “Xingu”:
Fontes: