Há 10 anos… dia 28 de outubro de 2003.
POR RAFAEL PACHECO*
O ano era 2003 e o dia, claro, esse mesmo, 28/10. Depois de quase dois anos em turnê do álbum de lançamento, uma enorme expectativa pairava sobre os Strokes. Os cinco camaradas de New York seriam capazes de continuar causando histeria e produzir algo pulsante, ousado, de um rock tão puro quanto Is This It?
O disco frenético dos hits que já nasceram clássicos, como “Last Nite”, “New York City Cops” e “Someday”, foi marcante a ponto de – talvez não seja exagero dizer – colocar aqueles garotos de vinte e poucos anos na prateleira das maiores bandas do rock & roll americano. Mas seria realmente só aquilo?
“I wanna be forgotten, and I don’t wanna be reminded”. Como quem suplica algo sugerindo exatamente o contrário, Casablancas abre “Room on Fire” com a mesma voz sufocada, arranhada e, àquela altura, já inconfundível. O emblemático primeiro minuto de “What Ever Happened?” não poderia ser uma síntese mais precisa das 11 faixas desse quarto em chamas. O compasso da bateria do brasileiro Fabrizio Moretti, o vocal desfigurado, os riffs de guitarra, a potência do som. Um começo avassalador!
“Reptilia” – junto com “12:51” e “The End Has No End”, formaria a trinca de singles de Room on Fire, trazendo o verso que dá nome ao disco (“the room is on fire and she’s fixing her hair”). Amor, ódio e relacionamentos conturbados, uma combinação recorrente nas letras de Casablancas.
Com “Between Love & Hate”, “You Talk Way Too Much” e “Under Control”, o menino impaciente e desconfiado, como é definido por amigos, parece adorar a ideia de transformar sua vida, seus conflitos e suas garotas em música. O resultado é sedutor.
Se o rock-indie-punk-pop de Room on Fire não chegou a ser novidade, isso não é um problema. Com o impacto inquietante do primeiro disco, os Strokes não precisavam de renovação para lançar algo de peso. Seguindo o mesmo roteiro, voltaram aos holofotes em grande estilo, com um rock provocativo e despretensioso, cativante e descomplicado.
Há 10 anos, tivemos mais um ótimo motivo para assegurar o lugar dos Strokes na prateleira dos maiores. Room on Fire é, definitivamente, mais uma celebração do genuíno rock & roll.
Três anos depois, eles lançariam o terceiro trabalho, First Impressions of Earth, talvez o mais criticado até agora.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
* Rafael Pacheco, ex-jornalista, aspirante a fotógrafo e carioca nas horas vagas.
Ouça Room on Fire:
Fontes:
Boa Cari, é isso! ABS
Noel.