6 de setembro de 1913
Filho da década de 1980, as primeiras fontes de informação sobre futebol, além dos álbuns de figurinhas, das revistas Placar ou das enciclopédias ilustradas (sim, existiam!), foram os manuais da Disney, editados no Brasil pela Abril.
Com o Manual do Zé Carioca, tive contato com algo que, lamentavelmente, está desaparecendo do futebol: os apelidos.
Era fascinante.
Friedenreich, El Tigre.
Lev Yashin, o Aranha Negra.
Zico (que já era apelido!), o Galinho de Quintino.
Nilton Santos, A Enciclopédia do Futebol.
Leônidas da Silva, o Diamante Negro.
Meu pai contou que o chocolate era uma homenagem a ele.
Contou mais: disse que Leônidas mudou a história do São Paulo.
Depois do Leônidas, filho, passamos a ser respeitados, dizia ele (diz até hoje!).
De fato, o Diamante Negro transformou o recém-fundado São Paulo Futebol Clube.
Dado como acabado, chamado de “Bonde de 200 contos”, em referência ao valor pago pelo clube ao Flamengo pelo seu passe (a maior transação do futebol sul-americano na época), Leônidas da Silva fez do São Paulo um grande.
Dentro de campo, liderou o tricolor do Morumbi nas primeiras conquistas, os cinco Campeonatos Paulistas: 1943 (a moeda caiu em pé!), 1945, 1946, 1948 e 1949. Em 211 partidas, fez 144 gols – oitavo maior artilheiro da história.
Fora de campo, foi o primeiro fenômeno de marketing do futebol, como mostrou ótima reportagem da Folha, no último domingo.
O apelido surgiu na Copa do Mundo de 1938, na França, da qual Leônidas foi o artilheiro, com 7 gols, e levou o Brasil ao terceiro lugar. Impressionado com futebol do brasileiro, o jornalista local Raymond Thourmagem, da revista Paris Match, o chamou Diamante Negro.
Depois, a Lacta aproveitou o ótimo momento de Leônidas para criar o chocolate, que existe até hoje.
Na seleção brasileira, foram duas Copas do Mundo (1934 e 1938) e a incrível marca de 37 gols em 37 jogos. Leônidas da Silva também brilhou no Flamengo, clube que defendeu de 1936 até 1941, marcando 150 gols em 179 jogos.
Jogou também por Bonsucesso (RJ), onde iniciou a carreira, Peñarol, do Uruguai, e ainda Vasco e Botafogo.
Inventor da bicicleta, Leônidas da Silva foi o Pelé dos anos 1930 e 1940.
Sobre a comparação, disse, certa vez: “A diferença entre Pelé e eu? Fácil. Eu fui craque. E ele é gênio”.
O saudoso jornalista Luiz Mendes, um dos poucos que viram os dois gênios em ação, tem brilhante conclusão sobre a comparação: “Leônidas não foi melhor que Pelé. Pior, ele não foi”.
Veja depoimento de Leônidas sobre gol que fez contra a Polônia, na Copa de 1938:
Fontes:
– terceirotempo.bol.uol.com.br
+ MAIS: O efemérides recomenda a leitura de O Diamante Eterno, a biografia de Leônidas da Silva, do jornalista André Ribeiro.