Há 25 anos… dia 5 de julho de 1992.
“Sou o homem mais feliz do mundo”.
A frase-clichê era, sem dúvida, a mais apropriada para o momento. Expressava, de fato, a realidade.
Andre Agassi era, sim, o homem mais feliz do mundo. Curioso como encontramos a tal felicidade nos lugares mais inesperados e surpreendentes!
Porque a grama de Wimbledon era campo minado para o moleque cabeludo de 22 anos. Uma zona de desconforto.
A ponto do ascendente tenista simplesmente ignorar o mais tradicional torneio do circuito mundial por três anos seguidos. De 1988 a 1990, a relva verdinha do All England Club não foi pisada por Agassi. Ele não escondia a birra com o quadradismo de tudo aquilo, em especial o “dress code” de vestimenta.
Em 1991, retornou. Seguindo o protocolo, ele jogou de branco até as quartas de final, quando caiu, derrotado pelo compatriota David Wheaton.
Um ano depois, ainda desconfortável na grama e pouco confiante diante de seguidas derrotas em grandes jogos, como as finais de Roland Garros em 1990 e 1991, por exemplo, lá estava Agassi novamente.
Décimo segundo cabeça-de-chave, foi superando os adversários. Nas primeiras quatro rodadas, oponentes mais fáceis, como o russo Andrei Chesnokov na estreia (3 sets a 1, de virada).
As quartas de final o colocavam perante um tricampeão, o alemão Boris Becker. Poucos apostavam em Agassi. O americano perdeu o primeiro set, 6-4, venceu os dois seguintes, ambos por 6-2, levou novo 6-4 do germânico na quarta parcial, mas fechou o jogo em 6-3 no set decisivo. Pronto: agora, o excêntrico era olhado de outro jeito.
Então, como que para legitimar o seu domínio do jogo no piso e silenciar os críticos, Agassi despachou outra lenda na semi. Com um inapelável e categórico 3 a 0 (6-4, 6-2 e 6-3), “aposentou” o mítico John McEnroe. Foi o último Wimbledon de “Big Mac”, tricampeão na grama inglesa (1981, 1983 e 1984).
Na final, o desafio seria contra outro novato que causava sensação no circuito, o croata Goran Ivanisevic, semifinalista em 1990 e que passara por pesos-pesados na rota até a decisão, como Ivan Lendl, Stefan Edberg e Pete Sampras.
Foi um jogaço. Por duas horas e cinquenta minutos, Agassi e Ivanisevic deixaram tudo em quadra. O croata levou o disputadíssimo primeiro set no tie-break (10 a 8). Agassi virou com dois 6-4 e, quando parecia encaminhar a mão na taça, Ivanisevic fez 6 a 1 na quarta parcial e empatou tudo.
No quinto set, Agassi teve paciência para trocar bolas e aproveitar os erros do adversário, em especial nos voleios. Fechou em 6-4.
Na celebração, choro e corpo estendido no chão, na grama que antes era desconfortável pra ele. Inacreditável: campeão em Wimbledon!
Foi o primeiro título de Grand Slam do futuro careca. Ele demoraria mais dois anos para celebrar o segundo, nas quadras duras do US Open.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Último game (em italiano!):
A final, na íntegra:
Agassi relembra Wimbledon 1992:
Fontes e +MAIS: