Há 30 anos… dia 27 de junho de 1986.*
A tribo tem oito guerreiros e está em pé de festa e de guerra. Batucam e gritam. Os dinossauros descem dos viadutos e se escondem nos edifícios. Os ex-Titãs do Iê-Iê – que circulavam pelos porões e palcos do underground paulistano – os atuais Titãs, que ficaram conhecidos nacionalmente por músicas como “Sonífera Ilha” e “Televisão”, lançam esta semana “Cabeça Dinossauro”, o terceiro LP do grupo. – Marcos Augusto Gonçalves, Folha de S. Paulo (25/06/1986).
Quem dançou há dois anos, no Radar Tantan, ao som de Sonífera Ilha (“Não posso mais viver assim ao seu ladinho/Por isso colo meu ouvido no radinho de pilha”), vai agora descer para um porão escuro e underground ao som de Igreja (“Eu não gosto de padre/Eu não gosto de madre/Eu não gosto de frei/Eu não gosto do papa/Eu não creio na graça/Do milagre de Deus”). Você vai levar um susto quando colocar no seu aparelho de som o terceiro disco dos Titãs – Cabeça Dinossauro (WEA) – que chega às lojas nos próximos dias. – Alberto Villas, Estadão (22/06/1986).
Tanto Marcos Augusto Gonçalves quanto Alberto Villas sacaram tudo. Estavam diante de algo grande, marcante, afirmativo. Um divisor de águas ou um daqueles tais “turning points”.
Cabeça Dinossauro foi isso e mais um pouco para os Titãs. O álbum alçou os oito amigos formados e forjados na selva concreta e concretista de São Paulo a outro patamar.
O punk, o grito, a potência, a raiva.
“Igreja”, “Polícia”, “Família”, “Dívidas”, “Homem Primata”… Letras maduras e fortes para um grupo de ainda “meninos”, com menos de três décadas de existência! Nando Reis tinha 23 anos, Branco Mello e Marcelo Fromer tinham 24, Arnaldo Antunes e Charles Gavin, 25, Tony Bellotto e Sérgio Britto, 26, e Paulo Miklos, 27.
Cabeça separou os meninos dos homens.
Mais experiente, Liminha, então diretor-artístico da gravadora WEA, capitaneou, conduziu e canalizou a energia e a ideologia por trás de Cabeça. Foi o ex-Mutante quem retocou e aperfeiçoou obras e melodias ainda brutas, como “Família”, por exemplo.
O resultado: 38min45s de porrada em forma de som e palavra. De atualidade estarrecedora.
“O disco dos Titãs chega em boa hora. Momento dark. E chique. Tempo em que para ser rebelde, não precisa ser chato. Hora de bom gosto: veja na capa o desenho de Leonardo da Vinci e, no interior as fotos de Vânia Toledo. E viva os novos Titãs”, fecha a crítica Alberto Villas.
Efeméride em boa hora.
E viva os Titãs!
* Com base no conteúdo das reportagens de arquivo do Estadão (22 de junho) e da Folha (25 de junho) – links abaixo -, além de outro material pesquisado, o blog chegou a este dia 27 para relembrar e celebrar os 30 anos de Cabeça Dinossauro. Mas este homem primata pode estar enganado, afinal… “O que não pode ser que não/É o que não/Pode ser/Que não/É”.
Fontes e +MAIS:
Muito obrigado pelo comentário!
Continue com o efemérides!
Grande abraço,
Fernando.
Disco emblemático do nosso rock/pop. Lembro bem que naquela época alguns discos foram divisor de águas e este certamente foi um. Um clássico para as gerações. Em uma época, onde realmente para ser rebelde, não precisava ser chato!! Vida longa aos Titãs! E nada melhor para celebrar este marco do nosso rock do que ouvi-lo na íntegra. E é exatamente isso que vou fazer agora!