Há 45 anos… dia 23 de março de 1973.
Antes do post, um breve “até breve”!
O leitor mais atento e assíduo deste efemérides certamente notou o sumiço deste que vos bloga, o éfemello.
Pois é.
Grande parte da explicação – talvez toda – está aqui, no post de 13 de dezembro de 2017, quando me retirei do papel de escrevinhador e imaginei um emotivo e afetivo cenário de futuro pai.
Bem, o futuro chegou e o presente é um menino incrível, cabeludinho, olhinhos um tanto puxados como o pai, narizinho esculpido como o da mãe. Uma bênção.
A chegada do Francisco invadiu nossas vidas de alegria e é preciso parar. Parar no presente e absorver cada segundo do agora. Como se faz com o solo de David Gilmour em “Time”!
Depois de 4 anos e meio, mais de 1.700 posts, muita raça e muito trabalho, o efemérides do éfemello pausa.
A pausa não poderia acontecer com melhor post. O texto que deu o estalo para lançar este blog (como explicado na seção “Sobre”), escrito em 2013, publicado no site da Brasileiros, por ocasião dos 40 da obra-prima do Pink Floyd.
Por conta dessas coisas inexplicáveis do mundo virtual, as palavras sumiram na poeira.
Então, para encerrar o ciclo da mesma maneira que começou (“And in the end it’s only round ‘n round…”), eis o texto.
I see you in the Dark Side of The Moon!
O tio quarentão
A revista britânica Q disse, certa vez, que era virtualmente impossível que se passe um minuto sem que The Dark Side of The Moon toque em algum lugar do planeta.
Possivelmente, a revista está certa.
Com quase 40 milhões de unidades vendidas no mundo todo (sem contar os downloads!), a maior de todas as obras-primas do Pink Floyd atravessou o tempo.
E lá se vão quarenta anos desde o lançamento, em 1º de março de 1973 (no Reino Unido, o álbum chegou às lojas no dia 23).
Para cada nova geração de adolescentes transpirando dúvidas, angústias, descobertas e curiosidades, em qualquer lugar do globo, lá estará Dark Side para mostrar o caminho. Para apresentar o que, de fato, é o ser humano e a vida.
Assim, o disco alcançou o status de eternidade.
Tempo. Dinheiro. Sonhos. Nós. Eles. Loucura. Riqueza. Pobreza. Guerra. Paz. Vida. Morte.
Tudo está lá. Com espantosa lucidez, o álbum apresenta os temas fundamentais e transita entre a melancolia trágica e o otimismo redentor.
“O potencial que os seres humanos possuem para reconhecer a humanidade do outro, e sua resposta a isso, com empatia, e não antipatia”, disse Roger Waters, o gênio genioso por trás das composições de Dark Side.
“Breathe, breathe in the air, don’t be afraid to care!”
“Hanging on in quiet desperation is the english way.”
“Money it’s a hit”.
“With, without, and who’ll deny that’s what the fightings all about”.
Letras com uma atualidade assombrosa.
Claro, as melodias também estão lá.
O que dizer de “The Great Gig in The Sky”, o encontro do delicado piano de Richard Wright com a voz celestial de Clare Torry?
E do solo sensual da guitarra de David Gilmour em “Time”?
Ou da bateria de Nick Mason em “Money”, uma aula de ritmo e precisão?
Ou ainda da visão futurística de “On The Run”, a primeira música com elementos da eletrônica?
Letras e melodias floydeanas (e freudianas!) que conversam, em silêncios e hiatos de uma beleza etérea, divina, onírica.
Um clássico.
Dark Side é o tio quarentão que mostra ao sobrinho adolescente como o mundo pode ser triste e, ao mesmo tempo, assustadoramente belo.
Vida eterna ao tio quarentão.
P.S.1: Para saber mais sobre Dark Side, recomendo o livro “The Dark Side of The Moon – os bastidores da obra-prima do Pink Floyd”, de John Harris. Partes deste texto foram inspirados no ótimo trabalho de Harris, que traz ainda muitas curiosidades sobre o disco. Outra recomendação é o documentário Classic Albums.
P.S.2: O blog usa o site oficial da banda – link abaixo – para determinar este 23 de março como data de lançamento do disco no Reino Unido.
P.S.3:
All that is now
All that is gone
All that’s to come
and everything under the sun is in tune
but the sun is eclipsed by the moon
A obra-prima:
Fontes e +MAIS: