Há 35 anos… dia 13 de maio de 1981.
POR NETA MELLO*
A conhecida Praça de São Pedro, em Roma, reunia milhares de fiéis na quarta-feira feira, 13 de maio de 1981. Não vivíamos ainda o terrorismo do século XXI, mas o mundo estava dividido entre capitalistas e socialistas pela Guerra Fria.
Eram pouco mais de 5 da tarde, meio-dia em Brasília. João Paulo II acenava de dentro do papamóvel para ficar mais perto do público. Do meio da multidão, dois dos quatro tiros disparados atingem o abdômen do sumo pontífice. O autor era um jovem turco, Mehmet Ali Agca, preso em flagrante com uma pistola automática Browning 9mm.
Na edição do dia seguinte, a Folha de São Paulo estampou na primeira página: “Quatro detonações secas quebraram a alegria festiva de fiéis e turistas. Em poucos segundos toda a praça soube o que acontecera, pela voz que, de boca em boca, nos mais diversos idiomas, percorreu as 30 mil pessoas ali reunidas. ‘Atiraram no Papa, atiraram no Papa’. Naquele momento, o autor do atentados – que fugira da prisão em Istambul em 1979 ‘para matar o Papa’, como na época anunciou numa carta a um jornal turco – já estava nas mãos da polícia italiana, depois de escapar de uma ameaça de linchamento.”
O papa foi levado ao hospital por uma ambulância da Cruz Vermelha Italiana e passou por uma longa cirurgia para reparar o intestino. As balas atingiram de raspão o braço direito e o dedo mínimo de sua mão esquerda e acabaram ferindo uma senhora jamaicana. Outra cápsula feriu uma senhora americana.
O mundo e todas as religiões se juntaram pela recuperação do líder católico que muito trabalhou para o fim da cortina de ferro, pelo fim do comunismo.
A tentativa de assassinato foi atribuída a União Soviética e ao serviço secreto búlgaro, mas nunca se provou a ligação de Agca, que afirmou pertencer à máfia turca.
João Paulo II defendia para o mundo o sindicato Solidariedade da Polônia, seu país de nascimento. Agca foi condenado à prisão perpétua e, depois de receber a visita do papa e ser perdoado, foi transferido para a Turquia, onde continuou preso por crimes anteriores.
A recuperação de João Paulo surpreendeu os médicos. Ele atribuiu à proteção de Nossa Senhora de Fátima, cuja data celebrava naquele 13 de maio. Querido por muitos e criticado por posturas tradicionalistas da Igreja Católica, ele rodou o mundo inteiro, inaugurando a fama de globetrotter. Faleceu em 2005.
Mas essa história fica para outro dia… Porque todo dia é histórico.
* Neta Mello, 61 anos, é historiadora e escritora. Tem quatro livros publicados e escreve no Blog da Neta.
O atentado:
Fontes e +MAIS:
– dw.com