Há 10 anos… dia 23 de março de 2006.
Assistir “A Vida dos Outros” é admirar o talento de um grande ator.
Na pele do contido e sisudo Gerd Wiesler, capitão da Stasi – a polícia política da Alemanha Oriental-, Ulrich Mühe tem a performance de uma existência. Uma atuação sem falhas, que beira a perfeição. Econômica, minimalista, silenciosa, comovente.
Uma das últimas de sua carreira. Como se ele tivesse reservado tudo para o momento final. Como se a estrada no teatro e na televisão e, principalmente, o ativismo político dentro de uma Alemanha dividida tivessem sido nada mais do que um longo ensaio para o papel de sua vida.
Ele viveu, testemunhou e experimentou profundamente a época desse país dividido. Nascido na Saxônia, no lado oriental, Mühe serviu ao exército, participou da construção e foi guarda de fronteira do Muro de Berlim. Como foi dito: parece que tudo o preparou para encarnar Gerd Wiesler.
Uma atuação de “infinita sutileza”, como definiu Roger Ebert, com habitual e precisa fineza.
“Ele se senta como um homem em um teste de audição, grandes fones nos ouvidos, corpo e rosto congelados, escutando um som distante. Seu nome é Gerd Wiesler, e ele é um capitão da Stasi, a famigerada polícia secreta da Alemanha Oriental. O ano é, apropriadamente, 1984, e ele é o Grande Irmão, observando tudo. Ele se senta em um sótão dia após dia, noite após noite, espionando as pessoas no andar de baixo”, escreve o crítico.
Essa é a história de “A Vida dos Outros”, eleito Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 2007.
O longa-metragem da vida de Ulrich Mühe.
Pouco mais de um ano após o lançamento do filme, Mühe partiu, vítima de câncer no estômago.
Gerd Wiesler fica. Pra sempre.
Longa é a arte, tão breve a vida.
Trailer do filme:
Fontes e +MAIS:
– IMDb