Há 35 anos… dia 6 de março de 1981.
“I’ll be away on assignment, and Dan Rather will be sitting in here for the next few years. Good night.”
Por quase duas décadas, ele foi a voz e a face da História na TV. Principalmente, a História Americana.
A chegada do homem à Lua, o escândalo de Watergate, a Guerra do Vietnã, os assassinatos de Martin Luther King e, em especial, de John Kennedy, talvez o único momento em que tenha saído de seu prumo habitual e demonstrado emoção.
Em todos eles, lá estava Walter Leland Cronkite Jr. para contar as notícias, comentar, opinar e finalizar com a célebre assinatura: “And that’s the way it is”.
Trinta e cinco anos atrás, ele se despediu do CBS Evening News, programa que ancorou por exatos 18 anos, 10 meses e 19 dias. Ou melhor: por 4.940 vezes. Em 6 de março de 1981, uma sexta-feira, falou sobre Ronald Reagan, cortes no orçamento, melhora na economia, Arábia Saudita, Polônia, Afeganistão, entre outros assuntos.
Somente ao final, anunciou sua despedida. Em brevíssimas palavras, sem perder o tom sóbrio, rememorou sobre os anos à frente do telejornal, mencionou o antecessor, Doug Edwards, e o sucessor, Dan Rather, e ressaltou que não era um adeus definitivo, já que estaria, a partir de junho, no Universe, programa semanal da CBS sobre ciência.
Os jornais de lá – e também daqui – repercutiram o adeus de Cronkite. O New York Daily News brincou com a nova rotina do famoso âncora:
“Na segunda-feira, o primeiro dia em que Cronkite estará livre para jantar às 7, como todo o resto do país, ele vai decolar para Washington a negócios e para lazer. A Casa Branca já havia lhe dado um brinde de champanhe no início desta semana depois de ter terminado o seu bate-papo na TV com o presidente”, escreveu George Maksian, em matéria de 7 de março.
Por aqui, a Folha publicou ótimo texto de Paulo Francis no dia 14. Além de relembrar episódios sobre Cronkite, Francis também expôs tese sobre a característica dos âncoras americanos. “O ‘anchor’ americano não é apenas um locutor. Não é também comentarista. É um jornalista, até hoje vindo da imprensa escrita (as novas gerações talvez mudem isso).”
Francis destaca justamente a faceta de repórter de Cronkite, que saía a campo, para matérias e entrevistas, como a última, com o então presidente dos Estados Unidos. E também mostra a credibilidade e o carisma do apresentador, comprovados no encontro com Reagan.
“A última entrevista foi com Reagan. Fez algumas perguntas venenosas ao presidente, que desconversou, e Cronkite não insistiu (mais sobre isso adiante). Durante o papo, Reagan elogiou Cronkite e terminada a entrevista ofereceu-lhe champagne, toda a equipe da Casa Branca, e Nancy, presentes. Um marciano que descesse à Terra na entrevista, apesar de Reagan chamar Cronkite (que quer dizer ‘doente’, em alemão) de ‘Walter’, e Cronkite Reagan de ‘sir’, diria que Cronkite é o presidente. E Reagan tem enorme presença de TV.”
Walter Cronkite morreu em 2009, aos 92 anos. Em 4 de novembro próximo, faria 100 anos.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
A despedida do âncora:
Parte do último programa:
Fontes e +MAIS:
– cjr.org