Há 10 anos… dia 17 de fevereiro de 2006.
Uma das razões para o fascínio de “Match Point”, de Woody Allen, é que todo e cada personagem é podre. Este é um thriller não sobre o bem contra o mal, mas sobre várias espécies de mal envolvidas em uma luta pela sobrevivência do mais forte – ou, como o filme deixa claro, do mais sortudo. “Eu prefiro ter sorte do que ser bom”, diz Chris, o profissional de tênis da Irlanda, na abertura do filme, enquanto vemos uma bolinha tocando a fita da rede – é pura sorte de que lado ela cai. O próprio destino de Chris depende de um simples lance de sorte de uma moeda.
Assim Roger Ebert abre a resenha sobre “Match Point”, que estreou há exatos 10 anos nos cinemas brasileiros. Aqui, aliás, recebeu o adendo “Ponto Final” ao título. Para o renomado crítico, uma produção 4 estrelas (das 4 possíveis de suas avaliações), comparável aos grandes filmes do diretor nova-iorquino, como “Manhattan”, “Annie Hall” (“Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”) ou “Hannah e Suas Irmãs”.
Assino embaixo.
“Match Point” é um filmaço. Uma trama muito bem delineada, um drama labiríntico e surpreendente. Como uma partida de tênis, ora pende a um lado, ora a outro. Um roteiro magistral, inspirado em Crime e Castigo, de Dostoiévski, e embalado com árias de Caruso. Indicado ao Oscar, diga-se de passagem.
O longa foi uma espécie de retorno de Woody Allen aos holofotes, após uma sequência de “fracassos” como “O Escorpião de Jade”, “Igual a Tudo na Vida” ou “Melinda & Melinda”, considerados fracos pela crítica e com resultados pífios de bilheteria.
O diretor, aliás, considera “Match Point” o seu melhor filme, porque os atores, a fotografia e a estória se encaixaram à perfeição.
Por falar no elenco, não há alguém que se destaque, apesar da óbvia boa atuação do protagonista Jonathan Rhys Meyers no papel de Chris Wilton. Scarlett Johansson dá tempero especial à personagem que seria de Kate Winslet, mas tem interpretação regular, nada de mais.
Scarlett se tornaria a “queridinha” das produções seguintes de Woody Allen, como “Scoop – O Grande Furo”, ótima comédia com o selo de qualidade Allen, e “Vicky Cristina Barcelona”, o filme mais Almodóvar da carreira do americano, como disseram à época do lançamento.
Mas essa(s) história(s) – e filmes – fica(m) pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Trailer do filme:
Fontes e +MAIS:
– IMDb