Há 30 anos… dia 16 de fevereiro de 1986.
Três décadas atrás, Portugal colocava na presidência o socialista Mário Soares.
Em pleito renhido e memorável, o terceiro depois da Revolução dos Cravos e o único da História do país com segundo turno – ou segunda volta, como eles dizem lá –, Soares bateu Diogo Freitas do Amaral por diferença de pouco mais de 140 mil votos (51,18% X 48,82%).
Uma vitória de virada surpreendente. No primeiro turno, Soares teve uma escalada para se colocar na segunda colocação, mas, mesmo assim, ficou bem atrás de Amaral – 25,43% contra 46,31% do candidato de centro-direita. Tudo apontava para a vitória do postulante da coligação entre CDS, PPD/PSD.
“Soares apresentou-se nestas eleições como o ‘herdeiro’ da Revolução dos Cravos e caracterizou seu adversário, Freitas do Amaral, como ‘o retrocesso ao salazarismo’ liquidado em 1974. Conseguiu, com esta tática, unificar a esquerda do país, que no primeiro turno das eleições presidenciais, a 26 de janeiro, concorreu dividida”, analisou a Folha, na edição de 17 de fevereiro de 1986, na reportagem sobre a vitória de Soares.
De fato, o vencedor, um exilado político na época do Estado Novo (a ditadura que durou mais de 40 anos em Portugal), teve a competência de unificar o discurso da esquerda para enfrentar e derrotar o candidato conservador.
Soares soube explorar o passado salazarista de Amaral – um amigo de Marcello Caetano, último comandante do regime – para se tornar o primeiro civil a chegar à presidência desde 1926. Naquele ano, Bernardino Machado foi deposto por um golpe que permitiu a ascensão da ditadura de Antônio Salazar em Portugal.
Mário Soares tomou posse em 9 de março, afirmando ser “o presidente de todos os portugueses”, expressão que seria usada por 9 em cada 10 futuros candidatos na terra de Fernando Pessoa e José Saramago.
Ele seria reeleito para um segundo mandato e deixaria a presidência exatamente 10 anos depois, em 9 de março de 1996, passando a faixa para Jorge Sampaio.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Debate de 9 de janeiro, penúltimo antes do 2º turno:
Fontes:
– dn.pt