Há 135 anos… dia 13 de fevereiro de 1881.
#AgoraÉqueSãoElas!
Na verdade, há muito “é que são elas”.
Na Paris e na França do final do século 19, por exemplo.
A história de hoje fala sobre o jornal de um movimento feminista e anarquista liderado por Hubertine Auclert. Nascida em Auvergne, em 1848, ela chegou à capital em 1869, um ano antes do início da Terceira República e da Guerra Franco-Prussiana, e pouco depois de ter desistido da vida dedicada ao catolicismo, como freira.
Um período em que o machista Código Napoleônico (1804) começava a ser contestado. Logo, Hubertine se envolveu com a causa feminista, inspirada por Maria Deraismes e Léon Richer, chegando, inclusive, a trabalhar como secretária do jornalista.
Em pouco tempo, se descolou dos dois e alçou voo solo. Em 1876, fundou a Société le droit des femmes (Sociedade do Direito das Mulheres), entidade que apoiava o direito ao voto feminino. Pouco depois, o nome mudou para Société le suffrage des femmes (Sociedade pelo Sufrágio das Mulheres).
Nesse ínterim, Hubertine se decepcionou com a falta de apoio do Congresso Internacional pelo Direito das Mulheres, realizado em Paris, em 1878, por não levantar a bandeira do sufrágio feminino.
Dois anos depois, iniciou campanha pelo boicote aos impostos, com argumento simples e direto: sem representatividade, as mulheres não deveriam ser submetidas aos tributos.
Em 13 de fevereiro de 1881, nascia mais uma iniciativa capitaneada por Hubertine: o La Citoyenne (A Cidadã), “o jornal pela reinvindicação dos direitos das mulheres”. “Um defensor vigoroso e inflexível da emancipação das mulheres, exigindo alterações no Código Napoleônico, que as relegou a status muito inferior”, escreve a Wikipedia.
Amparado por feministas de peso e da alta sociedade parisiense, como Caroline Rémy – aka Séverine – e Marie Bashkirtseff, ambas colaboradoras frequentes, o La Citoyenne defendia mais do que o voto às mulheres. O direito de concorrer a cargos públicos, por exemplo, era uma das propostas.
O impresso estimulou o aparecimento de novas empreitadas e entidades em favor da causa. Em 1882, León Richer fundou a Liga pelos Direitos das Mulheres. Seis anos depois, em 1888, o Conselho Internacional das Mulheres (Le Conseil International des Femmes) foi formado, criando a primeira organização feminista internacional.
O La Citoyenne sobreviveu até 1891, quando acabou o dinheiro de Hubertine. Nasceram outros, para prosseguir a luta. No mesmo ano, a ativista Maria Martin lançou o Le Journal des femmes e, em 1897, foi fundado o La Fronde, liderado pela atriz e jornalista Marguerite Durand.
Todas “filhas” de La Citoyenne.
Hubertine Auclert morreu em agosto de 1914, batalhando pela causa feminista até o último suspiro. Está enterrada no cemitério Père Lachaise de Paris, com uma escultura em seu túmulo nomeada “Sufrágio das Mulheres”.
Fontes e +MAIS: