Há 20 anos… dia 11 de fevereiro de 1996.
A bola vem rolando arredia na relva irregular de Urbano Caldeira.
Às portas da área fatal, o pequenino craque de 1,65m a afaga. Com o lado de fora do diminuto pé direito – tamanho 35,5 – ele pincela uma parábola perfeita.
Uma ferradura simétrica sobre o beque adversário. Resignado, o zagueiro ergue os braços, entra no bailado, recua e dá um salto, timbrando o alvará de autorização para que o craque termine a obra.
A pelota está por finalizar o seu “U” invertido e flutua na atmosfera.
O miúdo pé direito, então, volta à cena. Sem deixar a pelota tocar a grama, impõe um gracioso e acurado toque de lado. Estático, o goleiro assiste a agora cortês redonda beijar a rede.
Das tribunas, o Rei, pai do arqueiro, levanta do trono e aplaude de pé. Avaliza: Gol de Placa.
Súdito respeitoso, o craque acata a deferência real com simplicidade e veneração.
Foi há duas décadas: o gol de placa de Marcelinho Carioca na Vila Belmiro. Sob olhar reverente do Rei Pelé, no mítico e místico palco, o Pé-de-Anjo alvinegro assinou a sua maior obra-prima.
“Foi o gol mais bonito da minha carreira e um momento muito especial. Após o gol, os jogadores do Santos vieram me cumprimentar e no término do jogo tive uma surpresa que vai ficar marcada para resto da minha vida, que foi o encontro com o Pelé. Ali, ele já me disse que eu merecia uma placa. Fiquei muito feliz”, diria, posteriormente.
“O gol do Marcelinho Carioca pode ser comparado aos melhores que marquei. Mereceria uma placa na Vila Belmiro”, sentenciou Pelé, logo após Santos 2 x 2 Corinthians.
A placa foi entregue pouco depois. O autor da pintura não a tem mais.
Não importa.
O pequenino craque de 1,65m e pés 35,5 jamais vai esquecer do dia em que o Rei aplaudiu a mais linda de suas telas.
Há 20 anos…
O gol, na narração de Luis Roberto, da Rádio Globo:
E com Alexandre Santos, na Band:
Fontes e +MAIS:
efemérides do éfemello 
Um comentário sobre “O gol de placa de Marcelinho Carioca na Vila Belmiro”