Há 10 anos… dia 19 de outubro de 2005.
Exatos 677 dias depois de ter sido capturado pelas forças dos Estados Unidos, de dentro de um buraco em Ad Dawr, próximo a Tikrit, no noroeste do Iraque, um dos mais famosos ditadores do século XX começava a encarar o banco dos réus.
Há uma década, se iniciava em Bagdá o julgamento de Saddam Hussein al Tikrit. Personagem da História, ele liderou o Iraque de 1979 até 2003, quando acabou pego pelos outrora aliados americanos.
Um julgamento cercado de controvérsia e muitas críticas.
Uma delas, da organização de defesa de direitos humanos Human Rights Watch, alegava que haveria a necessidade de comprovação de culpa do ex-ditador, além de observar que as disputas entre facções no país pelo controle do tribunal prejudicavam o equilíbrio do julgamento.
A conclusão – quase unânime – era de que Saddam Hussein deveria ser julgado em uma corte internacional, como, por exemplo, acontecia com o ex-presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic.
Naquele primeiro momento, uma única acusação pesava sobre o ex-ditador iraquiano: ordenar o assassinato de 143 pessoas (maioria xiita) na cidade de Dujail, no ano de 1982. Seria uma retaliação de Saddam a uma tentativa de assassinato de grupos opositores da região. Outros sete membros do governo também estavam entre os réus, sendo dois mais próximos ao ex-ditador.
Segundo relatos, nos dias seguintes ao atentado, forças de segurança oficiais apareceram em Dujail, ao Norte de Bagdá, executaram quase duas centenas de pessoas, prenderam mais outras dezenas, entre mulheres e crianças, e ainda as mantiveram em cativeiro por quatro anos, no deserto de Sumawa.
A estratégia da defesa acabou sendo a de desqualificar o júri e questionar a legitimidade do tribunal. O próprio Saddam fez questão de deixar isso claro, logo no início do julgamento. “Eu não devo responder a este ‘tribunal’, com todo o respeito, e mantenho o meu direito constitucional como presidente do Iraque”, desafiou.
Quando o juiz perguntou o seu nome, respondeu: “Eu sou o presidente do Iraque”. E ainda cutucou o juiz Rizgar Mohammed Amin, de origem curda: “Quem é você? Eu quero saber quem você é”. Amin ainda foi interrompido pelo réu quando se referiu a ele como “ex-presidente”. Enfático, Saddam asseverou que ainda era o Presidente da República do Iraque e que não tinha sido deposto.
Mais de um ano depois, seria condenado ao enforcamento. Em 30 de dezembro de 2006, Saddam Hussein foi executado, em Kazimain, bairro a nordeste de Bagdá.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Veja o documentário “The Trial of Saddam Hussein”, de 2007:
Fontes e +MAIS:
– bbc.com
– IMDb