Há 90 anos… dia 17 de agosto de 1925.
“Esse é o filme pelo qual eu quero ser lembrado”, ele dizia.
Mais do que “Luzes da Cidade” (1931), “Tempos Modernos” (1936) ou “O Grande Ditador” (1940), Charles Chaplin tinha “Em Busca do Ouro” como seu filme preferido. Do lançamento do longa até a sua morte, o gênio do cinema reafirmava sua predileção sempre que podia.
Justíssimo. Até porque, como bem pontuou Eric Snider no site film.com, se “The Gold Rush” – título em inglês – não tivesse sido bem-sucedido, talvez não existissem os supracitados.
No mais, quem sou eu para discordar do Carlitos?
Não é tão difícil entender a preferência e o carinho de Chaplin pela película, que traz o Vagabundo tentando a sorte em Klondike, no Alasca, na chamada “febre do ouro” do final do século 19.
As cenas antológicas talvez expliquem a sua escolha. Duas delas competem, lado a lado, com outras grandes passagens dele na sétima arte, como a dança com o globo terrestre, em “O Grande Ditador”, ou a memorável e imortal sequência dentro da fábrica, em “Tempos Modernos”.
Não há o quê descrever, porque as palavras, coitadas, não chegam nem perto de retratar a genialidade de Chaplin.
Então…
E…
Duas curiosidades sobre as cenas.
A primeira, conhecida como “dancing rolls” (“pãezinhos dançantes”, na tradução livre), era tão adorada pelos espectadores que alguns projecionistas voltavam a fita e a repassavam! A outra, de Carlitos cozinhando e comendo o próprio sapato, demorou três dias e 63 takes para ser finalizada! Tudo por causa do perfeccionismo de Chaplin. Perfeccionismo que o levou ao hospital, por causa do excesso de açúcar das botas, feitas de alcaçuz!
Outro motivo que pode elucidar a inclinação dele pelo longa é o imediato sucesso de crítica e bilheteria. Até hoje, o filme está no 5º lugar entre as produções que mais faturaram no cinema mudo. Foram mais de US$ 4 milhões até o final de 1926.
Os críticos também o receberam com muito entusiasmo, como se pode perceber em trecho de resenha de Mordaunt Hall, no New York Times: “Aqui está uma comédia com mistura de poesia, tristeza, ternura, apresentados com bruteza e rudeza. É a extraordinária pedra preciosa de todos os filmes de Chaplin, já que tem mais reflexão e originalidade do que até mesmo obras-primas da alegria, como “O Garoto” e “Shoulder Arms”.
A verdade é que pouco importa o motivo. Charles Chaplin é pra ser visto sem razão ou explicação. Com o coração e em silêncio.
Assista a versão original de “Em Busca do Ouro”:
Fontes:
– IMDb
– film.com