Há 30 anos… dia 31 de julho de 1985.
O Campeonato Brasileiro de 1985 é, sem dúvida, o mais original da história.
A final, disputada no Maracanã, sintetiza a excentricidade daquele certame.
Em uma época ainda com grandes times, como o Atlético-MG de Reinaldo e João Leite, o Flamengo de Bebeto e Tita, ou o Guarani de Waldir Peres e Edmar – artilheiro do certame, com 20 gols -, ninguém previu que chegassem ao duelo derradeiro Coritiba e Bangu.
O alviverde de Curitiba diante do alvirrubro do Rio.
Coxa Branca do pitoresco e talentoso goleiro Rafael, alijado do Corinthians por ter sido considerado velho. Do endiabrado e oportunista Lela, de caretas e gols decisivos.
Banguzão do bicheiro e malando Castor de Andrade, patrono e eterno cartola do futebol e do carnaval. Do ótimo ponta Marinho, de rapidez e dribles desconcertantes.
Pois em 31 de julho de 1985, após uma longa caminhada, em que os favoritos ficaram pra trás, Coritiba e Bangu se postaram frente a frente no abarrotado Mário Filho, com mais de 90 mil pessoas, a imensa maioria a favor do time de Moça Bonita.
Massa que se calou quando Índio colocou cobrança de falta na gaveta de Gilmar, aos 26 minutos de jogo, e abriu o placar para os visitantes comandados por Ênio Andrade. Aliás, o único ali sem qualquer traço de originalidade, digamos, já que ostentava dois títulos nacionais no currículo: 1979, com o Inter; 1981, com o Grêmio.
Voltando à decisão, Lulinha fez a festa da torcida do Bangu ao empatar o confronto, dez minutos depois do tento inicial, em chute que desviou e traiu o goleiro Rafael, diga-se de passagem, o sósia do John Bonham, baterista do Led Zeppelin!
Após a igualdade, o “time da casa” foi pra cima, mas encontrou no bigodudo arqueiro alviverde uma muralha intransponível. Assim, pela segunda vez na História, a decisão do Brasileirão foi para os pênaltis.
Os 10 primeiros cobradores colocaram a pelota no fundo das redes. Gílson Gênio, Pingo, Baby, Mário Marques e Marinho, pelo Bangu. Índio, Marco Aurélio, Édson, Lela e Vavá, para o Coritiba.
Então, Ado abriu demais o chute de canhota e a bola foi pra fora. Coube ao zagueiro Gomes, único campeão brasileiro em campo – com o Guarani, em 1978 -, a cobrança decisiva. O central soltou o pé, rasteiro, e venceu Gilmar, que foi no canto certo, mas não achou nada.
O Coritiba se sagrava campeão brasileiro pela primeira e única vez. O primeiro campeão do estado do Paraná. Em 2001, o Atlético-PR repetiria a dose, em outra final curiosa, diante do São Caetano.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Reportagem do Globo Esporte sobre a final (imperdível, acredite!):
Fontes e +MAIS: