Há 35 anos… dia 13 de novembro de 1981.
“Capoeira é mandinga de escravo em ânsia de liberdade. Seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sagaz capoeirista.”
Vicente Joaquim Ferreira Pastinha.
Mestre Pastinha, expoente de uma das mais incríveis e ricas expressões culturais do Brasil negro e africano: a capoeira.
“O guardião da capoeira de Angola”, como decretou Jorge Amado.
Pastinha que foi à África, “pra mostrar capoeira do Brasil”, como cantou Caetano em “Triste Bahia”, de Transa (1972).
Filho de espanhol com baiana, nascido em 5 de abril de 1889, em Salvador. Na capital da Bahia, simbolicamente no Pelourinho, difundiu os conceitos da capoeira Angola por muitos anos.
Foi um pensador do jogo.
“O primeiro capoeirista popular a analisar a capoeira como filosofia e a se preocupar com os aspectos éticos e educacionais de sua prática”, como escreveu Mestre Decânio no livro A Herança de Mestre Pastinha (1996).
Infelizmente, o trator da urbanização tirou o mestre de seu habitat. Em 1971, a prefeitura de Salvador o obrigou a sair do casarão por causa de uma restauração, com a promessa de que ele retornaria. Nunca aconteceu. Foi o início do fim para Mestre Pastinha.
A última década de vida na Terra seria triste, dura e difícil, com depressão, problemas de saúde e abandono.
Morreria esquecido, em 13 de novembro de 1981, em sua Salvador.
Terminemos o post, porém, com as bonitas palavras de Jorge Amado:
“Mestre Pastinha, mestre da capoeira de Angola e da cordialidade baiana, ser de alta civilização, homem do povo com toda sua picardia, é um dos seus ilustres, um de seus abás, de seus chefes. É o primeiro em sua arte, senhor da agilidade e da coragem, da lealdade e da convivência fraternal. Em sua escola, no Pelourinho, Mestre Pastinha constrói cultura brasileira, da mais real e da melhor. Toda vez que assisto esse homem, de 75 anos, a jogar capoeira, dançar samba, exibir sua arte com o clã de um adolescente, sinto a invencível força do povo da Bahia, sobrevivendo e construindo apesar da penúria infinita, da miséria, do abandono. Em si mesmo o povo encontra forças e produz sua grandeza. Símbolo e face deste povo é Mestre Pastinha”.
Saravá, Mestre Pastinha!
Documentário “Pastinha, Uma Vida pela Capoeira”:
Mestre Pastinha jogando:
Fontes e +MAIS: