Há 5 anos… dia 29 de novembro de 2009.
Ser protagonista no cenário político mundial de hoje quando se está na presidência dos Estados Unidos, Alemanha, França, China ou até Brasil é, de certa forma, natural. Mas ser voz de destaque e relevância como presidente do Uruguai é uma outra história.
É só para José “Pepe” Mujica.
Em apenas meia década, ele sacudiu o cenário político do Uruguai, da América Latina e do mundo. Com simplicidade, honestidade, sinceridade e coragem, realizou um governo progressista e de vanguarda no pequeno país ao sul do globo e se transformou em um líder carismático e popular.
Em março de 2015, Mujica deixa a presidência. Segundo as últimas pesquisas, 65% dos uruguaios aprovam a gestão, enquanto 17% manifestam insatisfação com a administração do ex-guerrilheiro tupamaro, que lutou contra a ditadura (1973-1985) e passou 14 anos na prisão.
Há exatos cinco anos, ele era eleito. Representando uma coligação de esquerda, a Frente Ampla, e apoiado pelo então presidente Tabaré Vázquez – hoje seu mais provável sucessor -, Mujica obteve 54,63 % dos votos válidos contra 45,37 % do adversário Luis Alberto Lacalle, do conservador Partido Blanco.
“Sabem de uma coisa, senhores? Esse mundo é todo ao contrário! Vocês deviam estar aqui e nós aí, aplaudindo!”, brincou Mujica, em cima do palanque para o discurso da vitória, diante de uma multidão impressionante, possivelmente com todos os 1.197.638 eleitores presentes.
O que se viu depois foi um homem absolutamente diferente do que se vê na política. Mujica abriu mão de todo e qualquer privilégio que tem por exercer o cargo. Rejeitou morar no palácio presidencial para viver em uma pequena casa dentro da fazenda da esposa. Doou mais de 90% do salário de US$ 12 mil para instituições de caridade e assim se colocou no patamar de renda de um cidadão médio.
Além do exemplo, Mujica comandou processo de transformação moderna e progressista no Uruguai. Legalizou a maconha, transformando o país no primeiro a regular a produção, a venda e o consumo da cannabis, sancionou lei de legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, apoiou abertamente a legalização do aborto, entre outras ações de vanguarda.
Fora do país, cutucou os países grandes, condenou o consumismo exagerado, criticou o capitalismo e o individualismo do mundo atual.
“Pensem que a vida humana é um milagre. Que estamos vivos por um milagre e nada vale mais que a vida. E que nosso dever biológico, acima de todas as coisas, é respeitar a vida e impulsioná-la, cuidá-la, procriá-la e entender que a espécie é nosso ‘nós'”, disse, finalizando o histórico discurso na ONU, em setembro de 2013.
O mundo precisa de mais Mujicas.
O discurso da vitória, em 2009:
Fontes: