Dia 29 de outubro.
A décima pesquisa do Datafolha colocou dois velhos conhecidos lado a lado no terceiro lugar da corrida presidencial.
Contemporâneos na engenharia civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em meados dos anos 1950, Paulo Maluf e Mário Covas se conheciam e se respeitavam, apesar das evidentes diferenças ideológicas e das visões políticas opostas. Traçaram caminhos diversos até se reencontrarem naquele pleito plural e heterodoxo, com 22 candidatos das mais variadas correntes políticas.
Na pesquisa divulgada em 29 de outubro, 16 dias antes do primeiro turno, Covas (PSDB), finalmente, chegou em Maluf (PDS). O tucano já vinha subindo 1 ponto em cada um dos dois levantamentos anteriores, mas via Maluf também crescer, impossibilitando o empate.
Dessa vez foi diferente. Covas atingiu a 9%, com 1 ponto mais em relação ao número de 22 de outubro. Maluf estacionou nos mesmos 9% da pesquisa anterior. O empate estava configurado.
À frente deles, nada de novo. Na verdade, uma grande novidade: Collor parou de cair. O candidato do PRN, que vinha em vertiginosa queda, manteve os 26 pontos da última sondagem.
No segundo lugar, Brizola e Lula, com 15% e 14%, respectivamente. O candidato do PT, que tinha subido 3 e 4 pontos nos dois últimos levantamentos, interrompeu o progresso. Já o pedetista, que vinha oscilando muito, pra cima e pra baixo, permaneceu com os mesmos 15 pontos de 22 de outubro.
Diante do quadro, o Datafolha apostava em três cenários para o primeiro turno de 15 de novembro:
1) Collor X Brizola ou Lula no segundo turno – para o instituto, bastava Collor se manter na faixa dos 25% para se garantir na segunda rodada. Na nova disputa, ele ainda seria beneficiado com o voto útil da direita, ou seja, a grande rejeição a um adversário da esquerda, nessa altura indefinido entre Brizola e Lula.
2) Collor X Brizola, Lula, Maluf ou Covas – o crescimento de Covas embolava a corrida e colocava mais dois personagens na briga pelo segundo turno.
3) Todos estão no páreo – nova queda de Collor, com transferência de votos para Maluf e Covas, poderia deixar ainda mais emocionante a já renhida peleja pelo Planalto.
Como diz o outro: haja coração, amigo!
Veja trecho da campanha de Covas em 1989:
Fontes: