Há 15 anos… dia 24 de março de 1999.

Do balcânicas:
No primeiro passeio por Belgrado, há quase uma semana, passamos por esse prédio, no centro da cidade. A primeira reação foi: “Será???”. Sim, nos perguntávamos se era um resquício dos bombardeios da OTAN (Organização do Atlântico Norte – nunca entendi o nome. Um exército, talvez o mais poderoso do mundo, disfarçado de instituição diplomática ou coisa que o valha).
Sim, o edifício é uma prova do que a “Organização” fez na capital da Sérvia durante 78 dias, em 1999. De 24 de março a 10 de junho, a OTAN castigou Belgrado com bombas e mais bombas. Uma represália fora de hora e no alvo errado.
Durante a Guerra da Bósnia (1992-1995), líderes da Europa ocidental e dos Estados Unidos assistiram, passivos, ao massacre contra os civis, principalmente os bósnios muçulmanos. Os americanos chegaram a afirmar que “não, não eram a polícia do mundo”.
Depois, quando Slobodan Milosevic, o líder da Sérvia, com quem os americanos e europeus se sentaram e discutiram os acordos de paz de Dayton, Ohio, ao fim do conflito na Bósnia, mirou-se em Kosovo, o que fizeram a OTAN e os ilustres líderes ocidentais? Bombardearam Belgrado.
Resultado, como sempre acontece em “guerras cirúrgicas”: muitas mortes de civis e poucos alvos militares atingidos. O prédio em questão era, sim, do Ministério da Defesa da Sérvia. Mas, ao fim e ao cabo, o resultado foi a morte de, ao menos, 500 civis.
A “guerra cirúrgica” atingiu, entre outros locais, uma rede de TV, a embaixada da China, vários hospitais e o Hotel Iugoslávia. Para completar, ficou provado, depois do conflito, que as bombas usadas em Belgrado continham material radioativo proibido pela Organização das Nações Unidas. Bom, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o bombardeio, então, faz sentido.
“Não importam os motivos da guerra, a PAZ ainda é mais importante”.
Há quase 3 anos tive a oportunidade de conhecer a ex-Iugoslávia, ao lado do irmão e fotógrafo Diogo Lucato. Ver a História de perto.
Em Belgrado, ex-capital do país, vimos um pouco do que a OTAN fez em 1999, durante o conflito no Kosovo. Durante 78 dias, bombardearam o centro de poder da Sérvia (na verdade, ainda era Iugoslávia, oficialmente) e outras regiões do território comandado por Slobodan Milosevic.
Depois da Guerra da Bósnia, o ditador voltou os olhos para Kosovo, região que pertenceu ao Reino da Sérvia até 1389, quando os turcos derrotaram os sérvios na Batalha de Kosovo. Quando retomaram o controle do território, em 1913, havia poucos sérvios e uma maioria albanesa.
Cinco anos depois, Kosovo se tornou, oficialmente, uma província da Sérvia, e assim permaneceu durante o período de Tito no comando (1945-1980), em que as seis Repúblicas (Sérvia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Eslovênia e Croácia) existiram sob a bandeira da Iugoslávia. Na Era Tito, Kosovo chegou a ter autonomia de República.
Depois, com a morte de Tito e o esfacelamento da Iugoslávia, os Bálcãs entraram em uma triste guerra civil, a Guerra da Bósnia. Em seguida, Milosevic tentou reaver o Kosovo, mas foi impedido, muito por causa da UÇK (KLA, em inglês), organização paramilitar que defendeu o território como pôde.
Para saber mais sobre o Kosovo, a Iugoslávia e os Bálcãs, acesse o balcânicas e também os links abaixo.
Hoje, apesar de independente, o Kosovo ainda não tem o reconhecimento das Nações Unidas. Milosevic morreu em 2006, quando estava sendo julgado por crimes de guerra, genocídio e limpeza étnica.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Nota: o WordPress tirou a opção de colocar borda na foto do post. Por isso, a partir de hoje, a imagem fica assim, “crua”.
Assista documentário alemão sobre os bombardeios da OTAN na Sérvia:
Fontes: