Há 90 anos… dia 12 de fevereiro de 1924.
“A plateia lotou uma casa que seria tomada mesmo com o dobro do tamanho”, reportou o crítico do New York Times, Olin Downes, em 13 de fevereiro de 1924.
No dia anterior, o Aeolian Concert Hall estava completamente cheio. Entre os presentes, nomes de peso da música erudita, como John Phillip Sousa, Igor Stravinsky, Sergei Rachmaninoff e Leopold Stokowski.
Depois daquela tarde, a música nunca mais seria a mesma.
“Quando Gershwin caminhou até o piano no Aeolian Hall naquela tarde de fevereiro, e Ross Gorman soprou seu clarinete, a vida do compositor e da música americana nunca mais seriam as mesmas”, define texto do site oficial de George Gershwin, sobre aquele histórico 12 de fevereiro.
“Rhapsody in Blue” transformou para sempre a vida daquele rapaz de então 25 anos, modificou o panorama da música e mostrou ao mundo que o jazz, aquela forma relativamente nova de música, merecia ser levada a sério como algo superior e sofisticado.
Aliás, esse era o principal objetivo do bandleader e compositor Paul Whiteman. Maior responsável por mesclar o jazz com a música clássica, ele pediu ao jovem Gershwin para compor uma peça completa para um concerto que apresentaria em fevereiro.
Whiteman estava empolgado com o sucesso de um show experimental misturando jazz e clássica, realizada em novembro de 1923, com a cantora franco-canadense Eva Gauthier. Queria mais, mas tinha resistência de Gershwin, que dizia ser impossível compor uma nova peça em tempo hábil.
Em janeiro, enquanto George jogava sinuca com o amigo Buddy De Sylva, o irmão Ira lia uma edição do jornal New York Tribune. Um artigo intitulado “What Is American Music?” falava a respeito das inovações e experimentações de Whiteman. O parágrafo final dizia que George Gershwin estava trabalhando em um novo concerto.
Na manhã seguinte, Gershwin ligou para Whiteman. Sem hesitar, Whiteman disse que seu rival, Vincent Lopez, planejava roubar a ideia de um concerto experimental e não havia tempo a perder. Pronto. Gershwin mal desligou o telefone e começou a trabalhar na peça.
“Foi no trem, com seu ritmo de aço, seu estrondo de chocalho, muitas vezes tão estimulante para um compositor… Frequentemente, ouço música no coração de ruído. E então, de repente, eu ouvi – até vi no papel – a construção completa da rapsódia do começo ao fim… Eu a enxergo como uma espécie de caleidoscópio musical da América – do nosso grande caldeirão, da nossa vitalidade nacional única e original, da nossa loucura metropolitana.”, disse Gershwin a Isaac Goldberg, seu biógrafo, sobre a composição de “Rhapsody in Blue”.
George Gershwin abalaria novamente o universo da música em 1935, com a ópera “Porgy and Bess”.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Ouça parte de “Rhapsody in Blue”:
Fontes: