Há 25 anos… dia 6 de janeiro de 1989.
Foram 203 capítulos – 204, com a reapresentação do último.
De 16 de maio de 1988 até 6 de janeiro de 1989, o Brasil entrou de cabeça e coração na trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.
Uma ficção com o retrato de um País que insiste em existir até hoje: corrupto, arrogante, desigual, racista, elitista, preconceituoso.
Um Brasil feio, personificado na histórica Odete Roitman, a imortal vilã. Odete que, infelizmente, nunca desgrudou de Beatriz Segall, uma atriz excepcional.
O Brasil de Vale Tudo até tem suspiros de esperança em Raquel Accioli, vivida por Regina Duarte.
Mas a realidade nua e crua está na cena final: dentro de um jatinho, Marco Aurélio (Reginaldo Faria) manda bananas enquanto escapa para Miami, com uma mala cheia de dólares. A semelhança com a realidade não é mera coincidência.
Em 15 anos, é claro, óbvio e ululante que o Brasil mudou – e para melhor. Há mais Raquéis, lutadoras, honestas, que encaram o dia a dia de cabeça erguida, altivez, não se deixam ser passadas pra trás e denunciam injustiças, trapaças e tramóias. Mas as Odetes ainda estão por aí. E também tem muito Marco Aurélio se pirulitando, cheio da grana para gastar em alguma Miami, Ilhas Cayman ou Luxemburgo.
Vale Tudo mostrou o País com coragem, precisão e crítica.
Abordou questões delicadas, como o alcoolismo, problema vivido por Heleninha Roitman, em interpretação monumental de Renata Sorrah.
A direção de Dennis Carvalho – que também atua no final da trama – é notável.
No mais, impossível deixar de mencionar as atuações de Gloria Pires (Maria de Fátima) e Cassia Kis (Leila).
De quebra, a trilha musical é ótima. A canção-tema, de Cazuza, Ezequiel Neves e George Israel, na contundente interpretação de Gal Costa, é simplesmente sensacional.
No dia 6 de janeiro de 1989, o Brasil parou pra ver o último capítulo da ficção que mostrou o Brasil real.
Você se lembra quem matou Odete Roitman?
Último capítulo:
Especial de 30 anos de Vale Tudo:
Fontes: