Paul McCartney lança o primeiro álbum solo

Há 45 anos… dia 17 de abril de 1970.

Paul McCartney lança o primeiro álbum solo

POR FELIPE FIGUEIREDO MELLO*

Sejamos honestos: Paul McCartney sempre foi o grande músico e experimentador dos Beatles. Em todos os sentidos!

Sua imagem de bom moço e a cortesia britânica, somadas às baladas mais românticas de uma vasta discografia, dão ao Macca uma imagem muito mais água-com-açúcar do que a realidade apresenta. Além disso, ele competiu com a áurea libertária e o espírito sem amarras do amigo John Lennon. E também com o apelo sedutor da profunda viagem de autoconhecimento de George Harrison.

John tinha um espírito roqueiro inato, de forças incontidas e incontroláveis.

George era extremamente verdadeiro consigo e com o mundo. E traduzia isso no “choro” de sua guitarra e em suas letras.

Mas Paul foi o grande músico da banda. Um verdadeiro artesão do som, experimentador instrumental e produtor de grandes obras.

Durante os intensos anos dos Beatles, Paul aproveitou a habilidade e a mente aberta do produtor da banda, George Martin, para trazer algumas das grandes inovações do momento. “Yesterday”, por exemplo. Não se pensava e nem se admitia a possibilidade de um membro de uma banda de rock fazer um solo no palco, só no violão. Outro bom exemplo é o apreço por novos instrumentos e variações musicais, como o mellotron em “Strawberry Fields Forever”.

Em outra ocasião, em um período de férias da banda, enquanto os outros estavam se distraindo, Paul foi para o estúdio com Martin para compor música clássica para a trilha de um filme. E ganhou prêmio pelo trabalho!

Na carreira solo, Macca navegou como ninguém na música ocidental: com os Wings ou sozinho, foi do soul à música eletrônica (favor ouvir McCartney II e/ou Back to the Egg com atenção!), estabeleceu parcerias inesquecíveis com figuras como Stevie Wonder e Michael Jackson, atravessou a década de 80 sem grandes traumas e tem um disco inteiro de música clássica (Ecce Cor Meum). Enfim: Paul domina a arte!

Um marco importante de sua carreira, tema deste post, completa hoje 45 anos: o lançamento do primeiro álbum solo, McCartney. É bastante bom, na modesta, apaixonada e enviesada opinião deste que escreve!

O disco foi gravado inteiramente na casa onde Paul e Linda viviam, em Londres, ainda em 1970, pouco antes do “fim do sonho”.

Diz ele: “Foi um álbum bem divertido! Peguei um gravador de quatro canais da EMI e pus na sala de estar da minha casa em Londres. Ficava lá o dia todo como o Monsieur Magritte. Fazia algo de manhã e cochilava à tarde. Foi muito interessante porque tem esse aspecto cru, porque eu estava me soltando depois dos Beatles”.

De fato, é um disco cru. A nota mais interessante do álbum é que ele tocou TODOS os instrumentos e fez quase tudo sozinho, com pequenas ajudas de Linda na harmonia.

Paul fez uso do tradicional expediente de gravar um instrumento em cada canal, para depois jogá-los todos em um único e abrir os outros três. Era algo que “achatava” a qualidade do som, mas permitia explorar coisas diferentes. Ele sempre foi um mestre nas colagens sonoras!

Além de ser o disco onde repousa seu primeiro sucesso solo, “Maybe I’m Amazed”, há algumas pérolas. Minhas preferidas? A instrumental “Singalong Junk”, de linda melodia, e “Momma Miss America”, em que Macca deixa emergir sua alma negra. (Não por acaso, duas músicas que fazem parte da trilha do filme “Jerry Maguire”, de Cameron Crowe, que costuma acertar nas escolhas!).

Para entender o quê estou dizendo no primeiro parágrafo desta efeméride, além de ouvir o disco aniversariante do dia, veja o pocket show dele Chaos and Creation at Abbey Road.

A melhor parte disso tudo é que Macca segue criando!

* Felipe Figueiredo Mello sabe bem qual é seu beatle favorito.

McCartney:

Fontes:

paulmccartney.com

Wikipédia

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