O papel de George em Sgt. Pepper’s

“Pra mim, foi um pouco cansativo, um pouco enfadonho, porque… Bom, eu tive meus momentos, em que curti e tal. Mas, em geral, não gostei muito daquele álbum. Meu coração ainda estava na Índia, sabe. Aquilo era o grande lance pra mim, quando aconteceu, em 1966. Depois da viagem, todo o resto parecia meio como um trabalho duro, um trampo. Era como fazer algo que eu realmente não queria fazer. Comecei a perder o interesse em ser um Fab!”

Em depoimento na extraordinária série Anthology, George resume seu estado de espírito durante a produção “daquele álbum”. Com a ironia elegante que o caracterizava, o quiet beatle dá pouca margem a interpretações.

Seu lance, naquele momento, era a Índia e a filosofia hindu. Não por acaso, a única contribuição no álbum – “Within You Without You” – é uma ode em letra e melodia à música do país de Gandhi e aos preceitos espirituais do hinduísmo (com pitadas de budismo).

“George estava bem compenetrado nessa época, dedicando todo o seu tempo a estudar a música e a religião indianas. Ao visitá-lo era difícil fazê-lo falar sobre algo diferente. Ele praticava cítara três horas por dia, estudando sozinho a escrita indiana para poder colocar no papel o que os músicos tinham de tocar”, escreve Hunter Davies, em As letras dos Beatles – A história por trás das canções, sobre a música.

No mesmo texto, Davies sublinha que nenhum dos outros participou da gravação, feita apenas por George e músicos indianos.

Bem simbólico.

No meio do ego “mccarteano” e da vaidade “lennoniana”, a sofisticada espiritualidade “georgeana”, sempre salpicada com fino sarcasmo. Ou, como escreveu David Fricke na Rolling Stone, “um sermão magnético sobre materialismo e responsabilidade coletiva no meio de um disco dedicado à anarquia Technicolor”.

Em breve, aprofundaremos mais a primeira faixa do lado B de Sgt. Pepper’s.

Fica com a gente!

Até amanhã!

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George fala sobre Sgt. Pepper’s: