Há 25 anos… dia 2 de junho de 1991.
Mansell passa. Passa Nigel Mansell, pra completar 68 voltas. Aí vem o “Leão”!
Depois de ameaçar em Phoenix, se enroscar com Patrese. Olha só como é que ele vai!
Já vai acenando, depois de no Grande Prêmio do Brasil ter a corrida praticamente ganha, porque Senna só tinha a sexta marcha – ele com 5 segundos atrás -, Senna não teria como segurar, ele se atrapalhou, rodou, na sua própria pressa, na sua própria afobação.
Depois de ter feito besteira logo na primeira volta, no Grande Prêmio de San Marino, e depois de ter feito uma belíssima corrida no Grande Prêmio de Mônaco, fazendo as pazes com o sucesso, chegando na segunda posição, fazendo o segundo lugar para a quarta vitória de Ayrton Senna, o Mansell tá aí, a meia volta para conseguir a sua primeira vitória na temporada, pra conseguir a sua primeira vitória no retorno pra Williams. Dominou sempre os treinos, o Patrese conseguiu a pole no instante final, mas o Mansell era, realmente, o grande nome da prova…
MAS OLHA SÓ! OLHA SÓ! OLHA O MANSELL! NO FINAL! ELE BATE NO VOLANTE! ELE VAI TENTAR CHEGAR E NÃO CONSEGUE! PIQUET VEM NA SEGUNDA POSIÇÃO… OLHA O MANSELL, NO FINALZINHO! DE QUALQUER FORMA, CADÊ NELSON PIQUET?
O MANSELL DESESPERADO PRA CHEGAR! FINAL DO GRANDE PRÊMIO DO CANADÁ, A TEVÊ NÃO MOSTRA MAIS NADA, TAMBÉM NÃO SABE O QUE MOSTRAR! E AÍ, O MANSELL FICA POR LÁ… ONDE ESTÁ NELSON PIQUET? ERA A ÚLTIMA VOLTA PARA NIGEL MANSELL… E APARECE PIQUET!!!!
Galvão Bueno quase teve uma síncope de tanto espanto. Foi da habitual, competente e sempre emocionante narração para o estado de êxtase completo. Quando já preparava terreno e exaltava a justíssima vitória do “Leão” Nigel Mansell, a primeira da temporada 1991, tudo mudou. A meia volta do final.
Sim, a pouco mais de 2km da linha de chegada, a Williams do britânico pifou. Simplesmente morreu. E o primeiro lugar caiu no colo de Nelson Piquet. O experiente tricampeão só teve o trabalho de conduzir a Benetton modelo tubarão para receber a bandeira quadriculada. A 23ª e última vitória de um dos grandes pilotos da História da Fórmula 1.
“Quase tive um orgasmo quando me avisaram que o Nigel parou na metade da última volta. Ele estava um minuto na minha frente”, disse Piquet, escancarando um portentoso sorriso na coletiva depois da prova. Uma entrevista permeada pelo bom humor e pelas risadas dos jornalistas.
Reportou Mario Andrada e Silva, na Folha: “Nélson contou que ouviu a equipe gritando pelo rádio ‘Vai, vai, vai… Então eu fui e gozei’, disse o piloto, provocando gargalhadas.”
Piquet não era o único em estado de graça após o GP do Canadá. Andrea de Cesaris (ITA) e Bertrand Gachot (BEL), quarto e quinto colocados, conquistaram os primeiros pontos da equipe Jordan, estreante naquele ano. Stefano Modena, da Tyrrell, também teve muitos motivos para sorrir, com o segundo lugar em Montreal.
Já a equipe Williams, mesmo com a terceira colocação de Patrese e o bom trabalho do final de semana, viu o triunfo escapar nos metros finais, literalmente. E já começava a perder a McLaren de vista na tabela de construtores…
Aliás, a equipe de Ron Dennis foi outra que não teve razões para celebrar. Mas não teve muito a lamentar. Senna parou na 25ª volta, mas manteve a liderança do campeonato com folgas. De quebra, viu o rival Alain Prost, da Ferrari, também abandonar.
A última vitória de Nelson Piquet na Fórmula 1 finalizou série de 7 triunfos brasileiros seguidos na categoria, fato que nunca mais aconteceu. Foi, também, a derradeira vitória para um carro com Pirelli, que retornaria ao circo somente em 2011, quando virou a única fornecedora da Fórmula 1.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
GP do Canadá de 1991, na íntegra e com pódio!:
Fontes e +MAIS: