Há 55 anos… dia 31 de maio de 1961.
Na chegada a Cidade Luz, uma esfuziante recepção de cerca de 500 mil pessoas, com direito a gritinhos de “Vive Zhack-ee” e “Kenne-dee”, como bem relembra matéria da revista Vanity Fair.
Charles De Gaulle fez coro, concedendo “a mais cordial saudação da França”.
No primeiro discurso do novo e jovem presidente dos Estados Unidos, a pública expressão de gratidão pelo carinho do povo local e a definição do país como o “mais antigo amigo da América”.
À primeira vista e nas aparências, a primeira viagem oficial de John Kennedy como novo mandatário da Terra do Tio Sam fora um sucesso. Ele e, principalmente, Jackie, tinham fisgado os franceses de jeito – “Eu sou o homem que acompanha Jackie Kennedy em Paris”, brincou à imprensa local o carismático presidente.
Porém, um homem não foi pego pelo feitiço e o charme do casal Kennedy. O mais importante, claro. Nem o francês fluente da primeira-dama americana foi capaz de fazer Charles De Gaulle se dobrar às propostas de Kennedy.
Do ponto de vista prático, político e diplomático, a jornada do casal em terras gaulesas foi como as inúmeras tentativas do Império Romano em cooptar o povoado de Asterix e Obelix: um retumbante fracasso.
Kennedy desembarcou com o pensamento focado em convencer De Gaulle a dar um passo atrás no plano de desenvolvimento de armas nucleares. O presidente francês não arredou pé e deixou o queridinho da América fulo da vida.
“Após cuidadosa revisão do problema, tenho de chegar à conclusão de que seria indesejável ajudar os esforços da França para criar uma capacidade em desenvolver armas nucleares”, escreveu Kennedy ao então primeiro-ministro britânico, Harold Macmillan.
Ao assessor e conselheiro Theodore Sorensen, as palavras foram mais duras. Ele descreveu De Gaulle como “irritante, intransigente, insuportavelmente vaidoso, incoerente e impossível de agradar”.
É, o velho amigo não foi nada comparsa dos ianques.
E Kennedy retornou pra casa com o rabo entre as pernas. Mal sabia que De Gaulle seria o menor dos problemas no “front” do Velho Continente…
Pouco tempo depois, Kennedy teve de mediar a crise de Berlim, capítulo delicadíssimo no enredo da Guerra Fria.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
A chegada dos Kennedy a Paris:
Fontes e +MAIS:
– nato.int