Dia 17 de outubro.
O clima quente do primeiro grande debate entre os candidatos à presidência acabou transportado para as ruas. Um dia depois da mesa-redonda realizada pela TV Bandeirantes, com mediação de Marília Gabriela e presença dos principais postulantes ao Palácio do Planalto – à exceção de Collor (PRN)-, petistas e brizolistas partiram para a briga na Cinelândia, no Rio de Janeiro.
O confronto aconteceu pouco antes de um grande comício de Lula, que acabou reunindo, segundo os organizadores do PT, quase 100 mil pessoas (o Datafolha estimou em 27 mil pessoas o público presente). Desde a manhã, petistas e brizolistas se estranhavam no centro da capital do Rio.
No fim da tarde, a tensão se materializou em briga, com direito a troca de pedradas e vidros de carros quebrados. Por sorte, alguns manifestantes mais sensatos trataram de colocar panos quentes e nada mais grave ocorreu.
O ambiente acalorado ainda era reflexo de um debate muito quente, com três horas e meia de duração e que virou a madrugada de segunda para terça-feira (16 para 17 de outubro).
Apesar da ausência do líder nas pesquisas Fernando Collor, não faltaram ataques, discussões ríspidas e até um bate-boca pesado depois do debate, envolvendo Eduardo Suplicy e Luiz Eduardo Greenhalgh, do PT, e o candidato do PSD, Ronaldo Caiado.
Em ascensão nas pesquisas, Lula foi a vidraça, atacado por todos, em especial por Brizola. A acusação mais pesada, no entanto, partiu de Caiado. O político do PSD acusou o PT a arrecadar dinheiro para a campanha com comissão de empreiteiros paga à administração de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo.
A denúncia fez com que o presidente da Câmara de São Paulo, Eduardo Suplicy, e o vice-prefeito, Luiz Eduardo Greenhalgh, fossem tomar satisfação com Caiado depois do debate. Uma discussão ríspida, com direito a dedo em riste de Caiado e irritação anormal do sempre ponderado Suplicy.
Outro momento que provocou frisson nos estúdios da Bandeirantes foi o desentendimento de Maluf e Brizola, com ataques de lado a lado. “Filhote da ditadura”, bradou Brizola. “Desequilibrado!”, retrucou Maluf. A plateia reagiu, com aplausos para Maluf, Brizola estendeu a ofensa aos presentes e Marília Gabriela teve de chamar pelo intervalo.
Ao fim e ao cabo, Collor se beneficiou , pois foi poupado de ataques e bate-bocas.
Dia a dia, as eleições de 89 esquentavam e a expectativa pelo primeiro turno crescia.
Veja a discussão entre Maluf e Brizola:
Fontes: