Há 35 anos… dia 15 de junho de 1979.

POR PAULO SENE*
Difícil. Pra mim, essa palavra resume o disco clássico do Joy Division. Difícil descrever o tom quase mítico e religioso que envolve a aura dessa banda. Sentimentos muito claros e ao mesmo tempo escuros estão presentes nessa obra-prima.
O disco de estreia do quarteto de Manchester está repleto de texturas e nuances que só são percebidas em posteriores audições, nunca de cara. O prazer nunca vem fácil.
O pós-punk sempre teve sua força nas repetições, nos tons monocórdios nos gritos desesperados…
O produtor Martin Hannett somou a poesia de Ian Curtis camadas de ruídos e efeitos sonoros “estranhos”, o que ajudou a criar toda uma atmosfera sinistra e claustrofóbica em alguns momentos, ou melhor, em todos os momentos. O vocal abafado e a bateria simples e constante só reafirmam a toda hora a frieza digital, como em “Insight” e seus efeitos de videogame. Estranho.
A guitarra sublime em “New Dawn Fades”, com a já intrigante linha de baixo de um novato Peter Hook, nos leva, talvez, para um futuro promissor e esperançoso. Talvez.
Na sequência temos “She Lost Control” e tudo vem a baixo, de novo e de novo… ela perde controle. E nós também.
Num eterno jogo de sombras, somos bombardeados por “Shadowplay” e gostamos desse retrato em preto e branco, e dançamos, de uma forma esquisita, como Ian Curtis… como a mulher da música passada, como das próximas… das poucas próximas. O Joy Division não entrega nada de mão beijada, fácil. Não, obrigado.
* Paulo Sene, fã de pré, pós e punk, fotógrafo nas horas vagas e viciado em bicicleta.
Senhoras e senhores, “Unknown Pleasures”:
http://www.youtube.com/watch?v=wVvoQIdD80U
Fontes:
