23 de maio de 1964
Um torcedor se forma na derrota. Nelson Rodrigues possivelmente diria que um homem também se gradua no fracasso, no baque, no malogro, no revés.
O meu “diploma” de torcedor foi “conquistado” em 13 de dezembro de 1990.
Recebi das mãos de Wilson Mano. Ou melhor, do joelho direito de Wilson Mano!
Primeiro jogo da final do Campeonato Brasileiro de 1990, no Morumbi.
São Paulo X Corinthians.
Logo aos 4 minutos, falta na intermediária para o alvinegro. Neto na bola. Uma curva venenosa. Uma viagem eterna no ar. Um quique no chão… e a pelota encontra o joelho direito de Wilson Mano. Gol.
Aos 9 anos, escutava o jogo pelo rádio. José Silvério. No que ouvi aquele gol, comecei a chorar. Não sei por quê, senti que aquele era o gol do título. Uma sensação curiosa, estranha.
Curiosa, porque já tinha “vivido” derrotas do meu time. Estava no Morumbi e vi o gol de Sorato, um ano antes. Vi a festa dos cariocas em nossa casa. Mas não senti nada.
Em 1990, foi diferente. Depois daquele gol de Wilson Mano, o pranto doído rolou até o final do jogo…
Fui dormir consolado pelo meu pai.
- No domingo, a gente vai ganhar deles, filho!
-
Não, pai. Acabou!
No fundo, ele sabia que eu estava certo. Conhecia o Corinthians. Possivelmente, a “graduação” dele foi em alguma derrota pros caras.
Wilson Mano. O 8. De Basílio. Do “infinito de pé”, como diria André Abujamra. O “Joelho-de-Anjo”! O cara que deu o primeiro Campeonato Brasileiro ao Corinthians. Não Tupãzinho. Wilson Mano, que hoje completa 50 anos.
Um símbolo corintiano, vestiu o manto alvinegro em 408 jogos. Marcou 35 gols. O mais importante, na minha “formatura”.
Rodou o mundo, jogou no Japão e em outros clubes menores do Brasil.
Pra mim, será sempre Wilson Mano do Corinthians. Wilson Mano e seu joelho direito!
Veja resumo do primeiro jogo da final do Campeonato Brasileiro de 1990:
Fontes:
efemérides do éfemello 