Há 20 anos… dia 25 de janeiro de 1995.
POR ARTHUR MELLO*
Kevin Spacey é certamente um ator que sabe escolher seus papéis. Uma rápida olhada no Wikipedia ou no IMDb é suficiente para que nomes como o cruel John Doe, de “Seven”, o ácido Lester Burnham, de “Beleza Americana”, e o épico Francis Underwood, de “House of Cards”, apareçam. O calado Roger “Verbal” Kint, de “Os Suspeitos”, também pode ser incluído nessa lista.
Faz aproximadamente 20 anos que assisti o filme pela primeira vez, em uma noite fria de julho, em companhia do meu primo Fernando e do meu irmão Marcelo. Sem TV a cabo na Fazenda de minha avó, em São Carlos, uma das diversões das noites era assistir aos filmes gravados ao longo do ano.
O roteiro tem todos os elementos necessários para ficar gravado na lembrança de um adolescente: criminosos com histórias distintas, um dedo-duro covarde e uma lenda urbana deliciosa de um suposto chefão do crime, Keyser Soze.
Personagem e narrador, Verbal nos conta uma intrincada história de vingança, morte, drogas e, acima de tudo, muito mistério. É difícil compreender o filme se não prestarmos atenção nos diálogos e cenas que se desenrolam com rapidez.
De uma maneira inteligente, somos apresentados ao passado e presente de cada um dos personagens, baseado em um depoimento cheio de nuances, verdades e mentiras de um inspirado Kevin Spacey em uma cadeira de uma delegacia qualquer nas proximidades do Porto de Los Angeles.
Verbal Kint e suas histórias me fizeram praticamente “rebobinar” a fita inteira e recomeçar tudo assim que os créditos finais apareceram em uma velha televisão de tubo. Honestamente, foram poucos os filmes que tiveram tamanho impacto instantâneo na minha vida.
E confesso que em várias das noites seguintes, no lugar de jogar baralho, sinuca ou War, “Os Suspeitos” foi o grande tema das discussões. Até hoje, mesmo com todos os mistérios aparentemente resolvidos em minha cabeça, toda vez que o filme é reprisado na TV, reservo alguns minutos do meu tempo para rever a história de um dos meus anti-heróis preferidos.
Keyser Soze e sua existência (ou não) fazem parte do inconsciente coletivo de toda uma geração. Assim como a cena final e a frase que resume o filme: “The greatest trick the devil ever pulled was convincing the world he didn’t exist”. Esse filme é realmente genial.
* Arthur Mello sempre adorou resolver problemas, decifrar mistérios e desvendar enigmas. Talvez esse seja o motivo de “Os Suspeitos” ser um de seus filmes preferidos. Quem já viu, reveja. Quem não viu e quiser saber o final, o segredo está escondido no texto.
Trailer de “Os Suspeitos”:
Fontes:
– IMDb
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