Há 10 anos… dia 3 de outubro de 2003.
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.
A célebre frase do nosso homenageado Vinicius de Moraes poderia muito bem ser o subtítulo do belíssimo filme de Sofia Coppola, que estreou há 10 anos nos cinemas americanos.
Aliás, quem quer que tenha traduzido o título do longa para o português merece elogios. Ainda que haja, com o perdão do trocadilho, perda na tradução, “Encontros e Desencontros” soa, no mínimo, adequado.
A trama traz o improvável encontro entre Bob e Charlotte, brilhantemente interpretados por Bill Murray e Scarlett Johansson.
Ele, um ator de meia-idade em crise total com si mesmo.
Ela, uma jovem mulher em crise total com si mesma.
Desencontrados e descompassados com a vida, Bob e Charlotte se encontram no Japão.
Ele, a trabalho, para gravar campanhas publicitárias de uma marca whisky em troca de uma mala de dinheiro.
Ela, por hobby, para acompanhar o marido fotógrafo do outro lado do mundo em troca da solidão.
Em comum, o casamento em ruínas. O de Bob, explicitado em frias e distantes conversas ao telefone. O de Charlotte, exposto em frios e protocolares beijos matutinos.
Em comum, a dificuldade em se encontrar no louco mundo moderno.
E todo mundo quer se encontrar, como diz o real subtítulo do filme.
Nessa busca, entre noites de insônia, tristeza e solidão, Bob e Charlotte se cruzam no elevador e estabelecem amizade permeada de delicadeza e cumplicidade.
Sentimentos raros no mundo de hoje.
O filme é, também, um encontro dos atores com a jovem Sofia Coppola. Na direção de seu segundo longa-metragem, Sofia acerta em cheio na escolha.
Da escola do Saturday Night Live, Bill Murray é, em essência, um ator de comédia. Depois de “Encontros e Desencontros”, se descobre que ele é, em essência, um grandíssimo ator. Sensível e preciso, Murray dá uma aula de interpretação.
A jovem Scarlett Johansson tinha poucos papéis de destaque na carreira até então. “Encontros e Desencontros” alçou a bela atriz a um status de sex symbol. Cativante, Scarlett encanta com interpretação tímida e, ao mesmo tempo, insinuante.
“Encontros e Desencontros” teve quatro indicações ao Oscar de 2004 (Filme, Diretor, Ator e Roteiro Original), mas venceu somente o último, para Sofia Coppola. O longa conquistou outros importantes prêmios, como o Globo de Ouro.
Por fim, vale destacar a trilha sonora, marca sempre positiva dos filmes de Sofia Coppola. Pontos altos para “Brass in Pocket”, dos Pretenders, graciosamente interpretada por Scarlett Johansson, e “More Than This”, do Roxy Music, perfeita na versão de Bill Murray.
Em 2006, Sofia Coppola seguiria o caminho de sucesso com “Maria Antonietta”.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Veja o trailer de “Encontros e Desencontros”:
Fontes:
– IMDb