Revista Placar denuncia a Máfia da Loteria Esportiva

Há 35 anos… dia 22 de outubro de 1982.

Há um ano, PLACAR designou o repórter Sérgio Martins para uma difícil e perigosa missão: desvendar os mistérios de uma verdadeira máfia que fabrica resultados da Loteria Esportiva. Era algo que muitos sabiam, mas que ninguém provava, apesar de estar em andamento um inquérito na Polícia Federal do Rio de Janeiro. Depois de 12 meses de pacientes e arriscadas investigações, realizadas sobretudo com a preocupação de moralizar de uma vez por todas o futebol brasileiro, PLACAR apresenta uma história que pode ser resumida numa palavra: estarrecedora. Ressalvada a lisura da Caixa Econômica Federal, há nesta reportagem apenas fatos comprovados, envolvendo 125 nomes de árbitros, dirigentes, técnicos, personalidades nacionais e jogadores – entre os quais, infelizmente, figuram ídolos da torcida e dois campeões mundiais.

Acima, a abertura da reportagem-bomba publicada na revista Placar de 22 de outubro de 1982. Doze páginas de nitroglicerina pura sobre um escândalo gigantesco, abarcando mais de uma centena de pessoas do universo do futebol.

Um trabalho de formiguinha de Sérgio Martins, que farejou pista de uma quadrilha em Santos e, a partir daí, passo a passo, montou o quebra-cabeça de uma história assaz alarmante.

Como conta Juca Kfouri no recém-lançado (e ótimo!) “Confesso que perdi”, o repórter e o fotógrafo Ronaldo Kotscho viajaram Brasil afora em busca de pistas que pudessem esclarecer as falcatruas por trás da Loteria Esportiva.

Coube ao radialista Flávio Moreira o papel de “Garganta Profunda”. Um dos envolvidos no esquema, foi a principal fonte e Martins. Arrependido, o integrante da agência de notícias Sport Press serviu como fiador do material coletado. Confirmou nomes, acrescentou detalhes e informações.

O petardo jornalístico de Placar foi sucesso absoluto leitores e a opinião pública. O mesmo não ocorreu entre a chamada grande mídia, que preferiu contestar a reportagem em vez de cavar ainda mais fundo.

“Durante uma semana, apanhamos mais que Judas Iscariotes. Foram páginas e páginas de jornais repletas de desmentidos. Diariamente o Jornal Nacional mostrava os denunciados com suas versões. Placar, cuja edição vendera mais de 300 mil exemplares, era acusada de trair o futebol brasileiro, e a Caixa Econômica atestava a credibilidade da loteria que bancava”, conta Juca, em suas memórias.

O desfecho da história você já deve imaginar…

Pois é: não deu em nada!

As edições seguintes de Placar trouxeram novas revelações e personagens. Porém, após mais de três anos de investigação, a Polícia Federal deu por encerrado o caso com somente 20 pessoas indiciadas. A tradicional lerdeza da Justiça fez com que os crimes prescrevessem e ninguém foi punido.

Doze anos depois, outra revista da Abril, a Veja, revelou o escândalo da Máfia do Apito, que manipulava resultados de jogos do Campeonato Brasileiro.

Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.

Fontes e +MAIS:

– Revista Placar

– escrevendofutebol.com.br

– esportes.estadao.com.br

– blogdojuca.uol.com.br

– espn.uol.com.br

Fala!

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