Michael Jordan volta ao basquete e ao Chicago Bulls

Há 20 anos… dia 19 de março de 1995.

Michael Jordan volta ao basquete e ao Chicago Bulls

POR ARTHUR MELLO*

Qual esportista é capaz de se aposentar no auge da forma física e mental? São raras exceções, sem dúvida. Qual esportista é capaz de se aposentar duas vezes no auge da forma física e mental? Michael Jeffrey Jordan.

Para os apaixonados pelo esporte, a biografia completa de MJ é surreal. Posso dizer que acompanhei de perto essa história, pois sempre tive um sentimento ambíguo em relação ao gênio. Se ele tivesse se aposentado uma vez apenas e seguido sua carreira no beisebol, provavelmente teria visto meu amando Utah Jazz ser bicampeão… Mas no dia 18 de março de 1995 uma nota curta e grossa saiu de sua assessoria de imprensa: “I’m back”. E foi assim que a história recomeçou a ser rescrita em Chicago.

MJ se aposentou no inicio da temporada de 1993. Na época, tinha 30 anos e provavelmente era a figura mais famosa do mundo. Tinha acabado de ser tricampeão da NBA, coisa que nem Magic, nem Bird, nem Isiah, nem Kareen conseguiram. Reinou nas Olimpíadas de Barcelona e já era considerado o maior de todos do basquete por aclamação.

Sua maior marca sempre foi a competitividade elevada ao extremo e naquele verão de 93 fez apenas uma pergunta ao seu amigo e tutor Phil Jackson? “Qual desafio você tem para mim?”. Phil tentou convencer o coração da lenda. Disse que ele tinha uma dádiva e não poderia deixar o mundo sem esse privilegio. O que seria do mundo sem o Moisés, do Michelangelo? (isso não foi ele quem disse, fui eu! É minha obra preferida). Infelizmente, Phil não tinha mais desafios e somado ao assassinato brutal de seu pai meses antes, MJ decidiu parar.

Seguiu uma carreira no beisebol, esporte que seu pai amava. “Jordan Rides the Bus” é o documentário da épica série “30 for 30”, da ESPN, que conta essa história. O destino quis que os jogadores profissionais da MLB fizessem uma greve e, apesar do gênio do basquete já começar a se destacar no novo esporte, decidiu atender ao chamado de milhões de fãs, incluindo Bill Clinton, presidente dos EUA na época.

E, em uma tarde de domingo, 19 de março de 1995, o mundo voltou a se curvar. Foi contra o Indiana Pacers, em um jogo transmitido pelo saudoso Luciano do Valle aqui no Brasil. Jordan levou os Bulls a mais um tricampeonato e se aposentou novamente em 1999, também por causa de outra greve (e alguns milhões de dólares!).

Dois livros contam muito bem toda a trajetória dele. O recém-lançado de Roland Lazenby e outro, do genial David Halberstam. São tantas histórias que falta espaço. Na minha opinião, a melhor de todas foi pouco antes de sua segunda volta, em 2001. MJ com 39 anos assistia a um treino de jogadores veteranos. Paul Pierce, o astro do Boston na época, começou a provocar o ídolo. “Nem pense em voltar agora, essa liga agora é nossa”. MJ retrucou: “Claro, vou marcar 30 pontos contra vocês da próxima vez”.

Rick Pitino, o técnico do Boston, puxou o pupilo de lado e falou. “Paul, nunca mais faça isso. Nunca, nunca o provoque”. MJ voltou a jogar duas temporadas pelo Washington Wizards e no primeiro jogo contra os Celtics e Pierce, apesar da derrota, marcou 32 pontos.

Qual atleta, aposentado, com 38 anos, ainda é capaz de instaurar pânico entre seus competidores? Não haverá outro Michael Jordan.

Em tempo: em seu retorno, MJ ficou em quadra por 43 minutos, anotou 19 pontos e deu 6 assistências. O Indiana Pacers venceu a partida em Indianápolis por 103 a 96, após uma prorrogação.

* Arthur Mello já odiou Michael Jordan, demorou alguns anos para rever as derrotas doloridas de 97 e 98. Mas quando você vê a história sendo escrita, é difícil não se curvar. Acabou me rendendo e virou fã.

Um resumo do jogo:

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